Charlize Theron “não tem vergonha” de falar sobre o momento em que a mãe matou o pai em legítima defesa

Em entrevista à NPR, a actriz sul-africana reconhece que há outras pessoas com histórias semelhantes à da sua família.

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Charlize Theron foi vítima de violência familiar LUSA/CHRISTIAN MONTERROSA

Charlize Theron diz que “não tem vergonha” de falar sobre o momento em que a sua mãe matou o seu pai em legítima defesa. Em entrevista à rádio norte-americana NPR, a actriz sul-africana recorda que o pai era um alcoólico violento e que quanto mais fala sobre esta questão, mais se apercebe de que outras pessoas passaram pelo mesmo. “Não estamos sozinhos em nada disto.”

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Charlize Theron diz que “não tem vergonha” de falar sobre o momento em que a sua mãe matou o seu pai em legítima defesa. Em entrevista à rádio norte-americana NPR, a actriz sul-africana recorda que o pai era um alcoólico violento e que quanto mais fala sobre esta questão, mais se apercebe de que outras pessoas passaram pelo mesmo. “Não estamos sozinhos em nada disto.”

A actriz tinha 15 anos quando o pai disparou contra a porta do seu quarto, onde estava escondida com a mãe. “Nenhuma das balas nos atingiu, o que foi um milagre. Mas, em legítima defesa, a minha mãe terminou com a ameaça”, conta à NPR. 

Charlize cresceu numa fazenda perto de Joanesburgo, em Benoni, durante o tempo do apartheid, onde todos os trabalhadores eram negros, mas que os considerava como família. Só aos 13 anos, quando foi para Joanesburgo, é que se apercebeu do que era o apartheid.

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A actriz aos 22 anos com a mãe, Gerda Theron, em 1997, na sua cidade natal, em Benoni, África do Sul Getty Images

Sobre a noite em que o pai, Charles Theron, foi morto, a actriz revela que o pai estava bêbado e entrou em casa com uma arma, a qual disparou contra a porta do quarto onde Charlize estava com a mãe, Gerda. O pai disparou três vezes. “Nenhuma dessas balas nos atingiu, o que foi um milagre. Mas, em legítima defesa, a minha mãe acabou com a ameaça”, conta. Gerda disparou contra a porta e atingiu o marido, matando-o. 

Charlize diz que a sua experiência de viver com um alcoólico não é única e é algo que partilha com muitas pessoas. “Não tenho vergonha de falar sobre isto, porque acho que, quanto mais falarmos sobre estas coisas, mais percebemos que não estamos sozinhos em nada disto”, diz. “A história é sobre crescer com um toxicodependente e o que é que isso nos faz.”

Falar sobre assédio sexual

“Só me lembro de a minha mãe me dizer que tinha de correr para casa dos vizinhos”, continua a contar sobre aquela noite. Só passadas umas horas é que soube que o pai estava morto. “É um choque permanente.” 

Charlize Theron saiu da África do Sul aos 16 anos, depois de ter ganhado um concurso de modelos, e viajou para Itália — foi a primeira vez que andou de avião, em 1991. A mãe encorajou-a a ir. O pai tinha morrido umas semanas antes e, então, a jovem sentiu-se dividida porque tinha de deixar Gerda, uma mulher “incrivelmente forte”. “Ela sabia que tinha de ser assim por nós as duas”, acredita.

Entrevistada por causa do último filme que protagoniza, Bombshell (O Escândalo), em que contracena com Nicole Kidman e Margot Robbie, e que é sobre o escândalo sexual na Fox News, a actriz confessou que na sua primeira audição, em 1994, foi vítima de assédio sexual por um realizador que lhe tocou de uma forma que considerou desadequada e que ela, antes de sair, lhe pediu desculpas. Uma acção que a fez sentir raiva de si própria, como se tivesse sido ela a fazer alguma coisa errada.

“Culpei-me bastante por não ter proferido as palavras certas, por não lhe ter dito para ir dar uma volta ou ter dito tantas coisas que acreditamos que vamos dizer nessas situações”, confessa, lembrando que quando se está naquela posição não se sabe o que fazer. 

A actriz recorda que voltou a encontrar o realizador, oito anos depois, que lhe lembrou do que se tinha passado e que ele não ligou. Então apercebeu-se de que não terá sido a única a passar por uma audição semelhante. Charlize Theron declara ainda que esse realizador é alguém muito conhecido e que cada vez que o denuncia, a imprensa omite o seu nome, tal é o poder que aquele tem na indústria.