Boeing suspende produção do 737 pela primeira vez em vinte anos
Paralisação da produção acontecerá em Janeiro. Construtora de aviões norte-americana justifica a decisão com o número de aviões que ainda tem em stock e que deverão ser suficientes para as vendas de 2020.
A Boeing vai suspender em Janeiro a produção do 737 Max, o modelo que esteve envolvido os dois acidentes aéreos nos últimos meses, anuncia a empresa em comunicado. Os 737 Max não levantam voo desde Março depois do acidente registado com a operadora Ethiopian Airlines, que causou a morte de 157 pessoas. Apenas cinco meses antes, na Indonésia, um voo do mesmo modelo, operado pela Lion Air, também se tinha despenhado com 189 pessoas a bordo.
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A Boeing vai suspender em Janeiro a produção do 737 Max, o modelo que esteve envolvido os dois acidentes aéreos nos últimos meses, anuncia a empresa em comunicado. Os 737 Max não levantam voo desde Março depois do acidente registado com a operadora Ethiopian Airlines, que causou a morte de 157 pessoas. Apenas cinco meses antes, na Indonésia, um voo do mesmo modelo, operado pela Lion Air, também se tinha despenhado com 189 pessoas a bordo.
Agora, e pela primeira vez em vinte anos, a construtora de aviões norte-americana vai suspender a produção do seu avião mais vendido, o 737. A Boeing diz que o stock de 737 Max que possui actualmente, cerca de 400 aviões, chegará para todo o ano de 2020. O congelamento da produção de um dos maiores exportadores dos Estados Unidos deverá afectar não só fornecedores, companhias aéreas e accionistas em todo o mundo, mas também a economia do país.
“Já dissemos anteriormente que avaliaríamos de forma contínua os nossos planos de produção caso a proibição de voar do modelo continuasse além do que esperávamos. Como resultado dessa avaliação contínua, decidimos priorizar a entrega de aeronaves armazenadas e suspender temporariamente a produção no programa 737 a partir do próximo mês”, justificar a construtora em comunicado.
A decisão foi anunciada depois de a Administração Federal de Aviação norte-americana (Federal Aviation Administration) ter dito na semana passada que não aceitaria que aquele modelo voltasse a voar antes de 2020. "Devolver a segurança ao 737 Max é nossa principal prioridade. Sabemos que o processo de regresso deste modelo ao serviço, bem como o da determinação de requisitos de treino apropriados, deve ser extraordinariamente completo e robusto para garantir que os nossos reguladores, clientes e passageiros confiam nas actualizações” do modelo, afirmou a Boeing num comunicado.
A Boeing planeia que os funcionários visados “continuem o trabalho relacionado com a produção” daquele modelo. Caso não seja possível, serão “temporariamente” deslocados para outras equipas de produção. “Esta decisão é motivada por vários factores, incluindo a incerteza sobre o momento e as condições do regresso ao serviço do modelo, as aprovações globais de treino e a importância de garantir que podemos dar prioridade à entrega das aeronaves armazenadas”, lê-se ainda no comunicado.
Na semana passada, o Congresso dos EUA foi informado de que os reguladores permitiram que o 737 Max continuasse a voar mesmo sabendo que existiam riscos de novos desastres, isto já depois do primeiro acidente que envolveu o modelo em Outubro de 2018, na Indonésia. As acções da Boeing caíram mais de 4% esta segunda-feira no meio de especulações de que a companhia aérea anunciaria uma suspensão da sua produção.
Em Maio, a Boeing reconheceu a existência de falhas no software do simulador usado para treinar os pilotos do aparelho, garantindo que os problemas daquele modelo tinham sido corrigidos. Num comunicado, a empresa anunciava a introdução de “correcções ao software do simulador do 737 Max” e de “informação adicional que garanta que a experiência de simulação é representativa em diferentes condições de voo”.
A Boeing obteve lucros de 374 milhões de dólares (aproximadamente 336 milhões de euros, à taxa de câmbio actual) entre Agosto e Setembro de 2019, menos 95% que no mesmo período de 2018. Em Outubro, o grupo aeronáutico norte-americano indicou que a facturação dos primeiros nove meses do ano desceu 19%, para 58.648 milhões de dólares (cerca de 52.694 milhões de euros) em relação ao mesmo período em 2018. Esta situação já reflectia a crise que a fabricante de aviões atravessa depois dos dois acidentes com vítimas mortais.