Placido Domingo volta a ser aplaudido no Scala de Milão

Concerto de homenagem no 50.º aniversário da sua estreia no teatro italiano terminou com ovação de 18 minutos ao tenor espanhol.

Foto
Placido Domingo LISI NIESNER/ EPA

Aplausos que se prolongaram por 18 minutos marcaram o final do concerto que Placido Domingo deu este domingo no teatro La Scala, em Milão. O espectáculo abriu o programa de homenagem com que a prestigiada sala italiana assinala o 50.º aniversário da estreia do tenor espanhol nesse palco.

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Aplausos que se prolongaram por 18 minutos marcaram o final do concerto que Placido Domingo deu este domingo no teatro La Scala, em Milão. O espectáculo abriu o programa de homenagem com que a prestigiada sala italiana assinala o 50.º aniversário da estreia do tenor espanhol nesse palco.

Na companhia dos cantores seus compatriotas Saioa Hernández (soprano) e Jorge de León (tenor) e do baixo italiano Ferruccio Furlanetto, Domingo interpretou um programa de árias e duetos de obras de Verdi: Nabucco, Macbeth, Don Carlo, As Vésperas Sicilianas e O Trovador.

Foi o regresso a uma carreira durante a qual, recorda a agência noticiosa Efe, depois da estreia a 7 de Dezembro de 1969, Domingo participou em 35 produções e 23 óperas (oito delas fazendo a abertura de temporada) no La Scala. O teatro de Milão vai prolongar até 13 de Janeiro a homenagem ao tenor e maestro madrileno, que, em meados de Agosto, através de uma notícia da Associated Press (AP), se viu acusado de assédio sexual por várias mulheres.

A boa recepção do público italiano à actuação de Domingo repete aquilo que já tinha acontecido, primeiro no Festival de Salzburgo, na Áustria, no último domingo de Agosto, depois na sua primeira actuação no país natal após o escândalo, em Valência, no início de Dezembro. Nesta altura, o cantor espanhol defendeu-se, em entrevista ao jornal El País, assegurando nunca ter atacado uma mulher, e queixando-se de que, em alguns países do mundo, “já não se pode dizer nada a uma mulher”.

No início, as acusações de assédio sexual e moral partiram de nove mulheres, às quais se juntaram depois outras queixosas, alegando que, entre os anos 80 e o início da década de 2000, Domingo as teria forçado a beijos e contactos impróprios, tanto nos camarins de teatros e quartos de hotel como em almoços e sessões de trabalho. Acusações que o tenor refutou e lamentou: “É doloroso ouvir que posso ter incomodado alguém ou tê-la deixado desconfortável — mesmo que tenha sido há muito tempo e apesar das minhas melhores intenções. Sempre achei que todas as minhas interacções e relações foram bem-vindas e consensuais”, disse, em comunicado. 

As reacções das plateias em Milão, Valência e Salzburgo contrastam com as decisões das Ópera de Los Angeles e de Nova Iorque – de ambas, Domingo decidiu demitir-se do cargo de director artístico na sequência das acusações –, que abriram processos de investigação ao comportamento do espanhol, ou das de São Francisco e de Dallas como da Orquestra de Filadélfia, que cancelaram as suas actuações previstas nas suas temporadas.

“Sou pela defesa das mulheres por inteiro. Nunca ataquei uma mulher, nunca me excedi, isso não condiz com a minha educação e maneira de ser. Nem abusei do meu poder em nenhum teatro”, defendeu-se Domingo na citada entrevista ao El País.