Marcelo diz que portugueses já não “fazem de conta” que problema dos sem-abrigo não existe
Chefe de Estado marcou presença no almoço de Natal do Centro de Apoio ao Sem-Abrigo (C.A.S.A.) e disse que a realidade dos sem-abrigo não é algo que “se pode esconder” ou “atirar para debaixo do tapete”.
O Presidente da República afirmou este domingo que as consciências dos portugueses “estão mais despertas” para o problema dos sem-abrigo, e que actualmente já não se “faz de conta” que não existe, pelo que a mudança “não pode parar”.
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O Presidente da República afirmou este domingo que as consciências dos portugueses “estão mais despertas” para o problema dos sem-abrigo, e que actualmente já não se “faz de conta” que não existe, pelo que a mudança “não pode parar”.
“E as consciências estão mais despertas. Comparando o que era o país há quatro anos e o que é hoje, hoje o país já não faz de conta que não há quatro mil, cinco mil, seis mil pessoas sem tecto, percebe que é preciso ajudar a resolver esse problema, é preciso fazê-lo com o Estado, com municípios, com responsáveis políticos e responsáveis nacionais e autárquicos, e com a sociedade civil”, disse Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas.
Por isso, “esse despertar da consciência é uma grande mudança que ocorreu, e agora não pode parar”, uma vez que “durante muito tempo, muitos portugueses fingiam que não havia” pessoas em situação de sem-abrigo nas ruas e “olhavam para o lado” quando passavam por alguém nesta condição, vincou. “Aos poucos isso tem entrado na sociedade portuguesa, aos poucos os responsáveis percebem que é uma realidade que não se pode esconder, atirar para debaixo do tapete. São pessoas de carne e osso, são tão portugueses como os outros portugueses, só que não têm tecto e, portanto, todos os dias é preciso chamar a atenção”, salientou Marcelo, acrescentando que também o poder político “está mais atento”.
O chefe de Estado marcou presença este domingo no almoço de Natal do Centro de Apoio ao Sem-Abrigo (C.A.S.A.), em Lisboa. Depois de vestir o colete de voluntário e de se inteirar do que seria a ementa, composta por bacalhau com broa, frango com arroz e doces natalícios, Marcelo Rebelo de Sousa fez questão de cumprimentar todos os presentes e tirar algumas fotografias, tendo também ele almoçado no refeitório do Metropolitano de Lisboa. “Eu cumprimentei-os todos, todos, cumprimento sempre todos”, atirou, apontando que algumas caras, “uma dezena ou duas dezenas”, já são suas conhecidas.
Aos jornalistas, o Presidente da República assinalou que o trabalho do C.A.S.A “é excepcional, primeiro porque é não apenas no Natal, mas todos os dias, todas as noites”. “Todos os dias no fornecimento de refeições a quem vem ter com ela, todas as noites com equipas no terreno por toda a Lisboa, e não é só em Lisboa”, declarou, sublinhando que esta associação “é um dos exemplos de instituições que todos os dias trabalham pelos portugueses que mais necessitam por não terem tecto”.
Através da mobilização de “centenas de voluntários”, o C.A.S.A. “está a dar um exemplo ao país e está a despertar consciências” para “uma causa que é uma causa de todos”, advogou o chefe de Estado. Lembrando que tem procurado marcar presença todos os anos nesta iniciativa, Marcelo Rebelo de Sousa, disse ser uma “oportunidade para agradecer à C.A.S.A. e às centenas e centenas de voluntários”.
O Presidente comentou também a medida anunciada pela Câmara Municipal de Lisboa, que prevê disponibilizar 400 casas para pessoas em situação de sem-abrigo até 2023, apontando ser uma “expectativa muito elevada”. Segundo transmitiu à Lusa a organização, foram servidas “entre 300 e 400 refeições” confeccionadas por chefs neste almoço de Natal onde estavam adultos, crianças e até alguns amigos de quatro patas.