Surto de sarampo já matou 72 pessoas na Samoa
As autoridades samoanas viram-se obrigadas a prolongar o estado de emergência até 29 de Dezembro por causa do constante aumento de casos registados. São mais de cinco mil e a Nova Zelândia anunciou uma campanha de vacinação.
Samoa prolongou o estado de emergência até 29 de Dezembro por causa do surto de sarampo que já matou 72 pessoas, a maioria crianças, e infectou mais de cinco mil. A Nova Zelândia anunciou uma campanha de vacinação para combater a propagação do vírus.
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Samoa prolongou o estado de emergência até 29 de Dezembro por causa do surto de sarampo que já matou 72 pessoas, a maioria crianças, e infectou mais de cinco mil. A Nova Zelândia anunciou uma campanha de vacinação para combater a propagação do vírus.
O surto começou na nação arquipélago do Pacífico Sul há duas semanas e já foram registados 5.154 casos infecciosos, dos quais 74 apenas nas últimas 24 horas. O elevado número de casos deve-se à baixa taxa de vacinação entre a população. Por exemplo, pelo menos 30% dos estudantes não estavam vacinados contra o sarampo em oito escolas no ano escolar 2018/2019, de acordo com dados do ministério de Saúde samoano.
Samoa tem uma taxa de vacinação bastante inferior à dos países vizinhos e, pouco depois do surto, as autoridades viram-se obrigadas a impor a vacinação obrigatória à sua população de 200 mil pessoas. Neste momento, dizem, cerca de 93% dos habitantes foram vacinados.
O vírus do sarampo propaga-se pela tosse, espirros e fluidos corporais, seja de pessoa para pessoa ou através de objectos, e a maioria das mortes estão associadas a complicações derivadas da doença, como pneumonia e encefalite. Uma pessoa infectada é contagiosa entre dois a quatro dias antes da erupção da doença e continua a sê-lo até que fique curada.
O surto parecia imparável quando o Governo samoano decretou o estado de emergência. Os transportes públicos foram encerrados e comércios fechados até ordem em contrário, com a população a receber indicações para se manter em casa e contactar os serviços médicos em caso de sintomas de sarampo.
As autoridades de Samoa têm dificuldades financeiras para combater o surto e, em conjunto com as Nações Unidas, apelaram a doações para adquirir vacinas. A Nova Zelândia, que vê o surto como risco regional, respondeu ao apelo e doou 640 mil dólares (573 mil euros) para se avançar com uma campanha de vacinação no arquipélago do Pacífico Sul e na região.
"A prevenção pela via da vacinação é a forma mais efectiva de se evitar doenças e uma dispendiosa resposta médica de emergência”, disse em comunicado o ministro dos Negócios Estrangeiros neozelandês, Winston Peters.
A campanha será dirigida a crianças com menos de cinco anos e a jovens mães e suas famílias, com a gestão das verbas a estar à responsabilidade da UNICEF e da Organização Mundial de Saúde. A doação neozelandesa junta-se às 200 mil vacinas doadas às Fiji e ao financiamento de emergência a Tonga.
Samoa não é caso único no Pacífico Sul em termos de baixa taxa de vacinação. O Hawai, estado norte-americano, tem níveis semelhantes e as autoridades norte-americanas temem que um surto aconteça no arquipélago. A baixa taxa de vacinação no estado norte-americano deve-se em grande parte à excepção de obrigatoriedade de vacinação por motivos religiosos, estipulados na lei estadual.
Os surtos de sarampo tornaram-se cada vez mais comuns por todo o mundo, com os casos da República Democrática do Congo, Madagáscar e Ucrânia a serem referidos. No ano passado, 140 mil pessoas, na sua maioria crianças com menos de cinco anos, morreram vítimas de sarampo em mais de dez milhões de casos, diz a Organização Mundial de Saúde (OMS).
E os números para 2019 são ainda piores: a OMS registou até Novembro três vezes mais casos que no mesmo período do ano passado.
Uma das razões apontadas pela organização para o aumento do número de casos de doenças cujas vacinas foram há muito desenvolvidas está a desinformação que circula nas redes sociais. “A desinformação em torno da vacinação é uma grande ameaça à saúde global que pode reverter décadas de progresso no combate a doenças evitáveis", disse a organização em comunicado, referindo que as vacinas são uma das inovações mais poderosas da história da saúde pública.