Porto e Gaia querem tabuleiro inferior da Ponte Luís I sem trânsito automóvel

A “circulação pedonal entre ambas as ribeiras é crítica”, afirma o vereador do Urbanismo da Câmara do Porto. Mas admite a dificuldade de se compaginar “o trânsito rodoviário com o trânsito pedonal”.

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Ponte Luís I FERNANDO VELUDO / PUBLICO

As câmaras do Porto e de Gaia abandonaram a ideia de colocar passadiços no exterior do tabuleiro inferior da Ponte Luís I, que liga os dois municípios, e defenderam a exclusão do trânsito automóvel.

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As câmaras do Porto e de Gaia abandonaram a ideia de colocar passadiços no exterior do tabuleiro inferior da Ponte Luís I, que liga os dois municípios, e defenderam a exclusão do trânsito automóvel.

Numa sessão dedicada às pontes entre Porto e Gaia, no âmbito do Ciclo “Inovação Fora de Portas - Engenharia Civil à Mostra”, no Porto Innovation Hub, o vereador do Urbanismo da Câmara do Porto, Pedro Baganha, revelou que o projecto está “parado e abandonado”, acrescentando que “não chegou a ir a Conselho de Cultura”, dado que chumbaria se tal sucedesse. Quando foi anunciado, em 2015, o projecto previa a construção de dois passeios de dois metros do lado de fora do tabuleiro inferior da Ponte Luís I.

A construção dos passadiços suspensos custaria cerca de 600 mil euros e necessitaria da autorização da Direcção Regional da Cultura do Norte. Contudo, as autoridades competentes do património levantaram dúvidas quanto a esta pretensão.

Em declarações aos jornalistas no final da conferência, Pedro Baganha revelou ainda que a autarquia “não vai esperar pela conclusão da nova ponte” entre Porto e Gaia, que não deverá estar pronta em 2022, como inicialmente previsto, para condicionar a circulação automóvel no tabuleiro inferior da Ponte Luís I.

“Nós vamos ter agora uma circunstância inevitável que é a Infra-estruturas de Portugal intervir na manutenção do tabuleiro inferior da ponte e, a partir desse momento, o trânsito ficará condicionado ou proibido. Portanto, digamos que não me parece que faça grande sentido, a partir do momento em que se introduz um condicionamento na ponte, que ela volte a ser aquilo que é hoje”, afirmou.

O vereador reconhece, no entanto, que há “aqui uma circunstância especial”, dado que a tutela da Ponte Luís I não é das câmaras municipais, pelo que o planeamento da obra não está a ser gerido pelos municípios, mas, sim, pela Infra-estruturas de Portugal.

“Eu não sei exactamente quais são, quantas fases e como é que se vai desenvolver o faseamento de obra. Agora a circulação pedonal entre ambas as ribeiras é crítica. Esse é o grande motivo que nos levou à previsão de uma nova ponte”, observou, sublinhando as actuais dificuldades de se compaginar “o trânsito rodoviário com o trânsito pedonal”.

A conversão do tabuleiro inferior da Ponte Luís I foi também abordado pelo vice-presidente da Câmara de Gaia, Patrocínio Azevedo, referindo que, neste projecto, os dois municípios estão a dar passos concretos.

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Patrocínio Azevedo salientou que o condicionamento do tabuleiro inferior da Ponte Luís I ao transito automóvel, “está perfeitamente articulado entre os dois municípios”, que vão avançar com a construção da Ponte D. António Francisco dos Santos como alternativa de circulação automóvel.

Desde 2005 que o tabuleiro superior da Ponte Luís I serve a Linha D do Metro do Porto e o tabuleiro inferior é usado por peões e veículos automóveis.

Hoje, no âmbito da discussão da ligação entre as duas margens, Patrocínio Azevedo defendeu ainda que o passe único “abre um conjunto de oportunidades”, nomeadamente ao nível fluvial. Segundo o vice-presidente da Câmara de Gaia, este título veio introduzir a possibilidade de criar uma ligação fluvial entre as duas margens, na medida em que os diferentes operadores podem ser integrados no mesmo sistema de transporte, neste caso o Sistema Intermodal Andante.