Frente Comum abandona reunião com o Governo e prepara “resposta forte”
Estrutura sindical afecta à CGTP entrou e saiu da reunião sem se sentar à mesa, em protesto contra aumentos salariais de 0,3%. Três dias depois da apresentação do Orçamento de 2020 anunciará formas de “luta”.
Entrou e saiu. A Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública cortou pela raiz a última ronda de negociação salarial com o Governo agendada para a manhã desta sexta-feira, acusando o executivo de António Costa de montar um “simulacro” de negociações ao impor, sem margem para discutir, uma subida salarial de 0,3% em 2020 que os vários sindicatos consideram inaceitável e injusta.
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Entrou e saiu. A Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública cortou pela raiz a última ronda de negociação salarial com o Governo agendada para a manhã desta sexta-feira, acusando o executivo de António Costa de montar um “simulacro” de negociações ao impor, sem margem para discutir, uma subida salarial de 0,3% em 2020 que os vários sindicatos consideram inaceitável e injusta.
A delegação da estrutura sindical de sindicatos afectos à CGTP entrou na sala para se reunir com o secretário de Estado da Administração Pública, José Couto, esteve de frente com o governante, mas não chegou a sentar-se à mesa. Entregou uma carta e saiu de seguida.
À saída do célere encontro, a coordenadora da Frente Comum, Ana Avoila, afirmou: “Não concordamos com a forma como o Governo fez este simulacro de negociação. Enviou uma convocatória impondo um calendário de duas reuniões – uma para abrir, outra para fechar – e dá-se logo ao luxo de ser ele a marcar e negociação suplementar [a de hoje] e nós não aceitamos intromissões nos direitos que são dos sindicatos”.
“A segunda questão é que a proposta dos aumentos de salários que está em cima da mesa dá seis cêntimos [por dia] para os assistentes operacionais, nove para os administrativos e 12 para os técnicos superiores, é um insulto e não vale a pena ter qualquer tipo de discussão. Está tudo indignado. Os trabalhadores não conseguem perceber e não faz sentido estarmos numa negociação suplementar sabendo as intenções que o Governo tem para o aumento dos salários”.
Na missiva à ministra da Modernização do Estado e da Administração (Alexandra Leitão), Ana Avoila exige um “aumento salarial de 90 euros para todos os trabalhadores” no próximo ano e quer que o Governo continue a negociar.
A sindicalista lembrou, em declarações aos jornalistas, que para se chegar aos valores de 2009 seria preciso uma actualização de 133 euros e frisou que a Frente Comum já disse ao executivo que o ajudava “a ir buscar o dinheiro onde o vai colocar no Orçamento do Estado”.
Para a representante sindical, se o executivo quisesse negociar tinha dito na reunião da passada quarta-feira que haveria espaço para alterar a proposta, mas, afirma, a Frente Comum perguntou-o “mais de seis vezes” e o secretário de Estado do Orçamento, João Leão, “disse que não alterava”.
O impacto orçamental da actualização prevista pelo Governo, com a subida de 0,3%, é de 60 a 70 milhões de euros. A tónica comum entre as estruturas sindicais é de que o aumento é insuficiente
A Frente Comum não confirma ainda se avançará para a greve, mas tem já em cima da mesa “uma proposta de luta” que vai aprovar na próxima semana, a 19 de Dezembro, três dias depois da apresentação do Orçamento do Estado, e o que daí sair, antecipa Ana Avoila, será uma “resposta forte”. “Os trabalhadores têm que se mobilizar e temos que tentar este estado de coisas”.
Na carta à ministra, a estrutura sindical considera a proposta “um ultraje” na actual situação económica do país e explica porque considera a negociação um simulacro – porque o Governo “quis impor datas, quer impor um aumento salarial ofensivo e pretende enganar a opinião pública misturando deliberadamente custos do trabalho que são do Estado com valor para aumentos salariais”.
Ainda esta manhã, o Governo reúne-se com o Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE) e com Federação de Sindicatos da Administração Pública (Fesap).