O pai é um homem bom?

O primeiro romance de James Baldwin. É abrasador.

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A Alfaguara anuncia para 2020 O Quarto de Giovanni Sophie Bassouls/Sygma via Getty Images

No ensaio Regresso a Reims, o filósofo francês Didier Eribon faz uma analogia entre a sua experiência de vida e a de James Baldwin: ódio à figura paterna, rejeição do meio familiar e ida para Paris como forma de afirmar a sua homossexualidade. E cita um “belo texto” que o impressionou, no qual o norte-americano conta como adiara o momento de visitar o pai no seu leito de morte: “Tinha dito à minha mãe que o fazia [“que não o queria ver” — para seguirmos de perto o original inglês] porque o odiava. Mas não era verdade. O certo é que eu ‘o odiara’ e fazia questão de manter esse ódio. Não queria ver a ruína em que ele se transformara: não era uma ruína que eu tivesse odiado. Imagino que uma das razões pelas quais as pessoas se prendem de forma tão tenaz aos seus ódios seja o facto de sentirem que, uma vez o ódio desaparecido, serão de novo confrontadas com a dor.”

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No ensaio Regresso a Reims, o filósofo francês Didier Eribon faz uma analogia entre a sua experiência de vida e a de James Baldwin: ódio à figura paterna, rejeição do meio familiar e ida para Paris como forma de afirmar a sua homossexualidade. E cita um “belo texto” que o impressionou, no qual o norte-americano conta como adiara o momento de visitar o pai no seu leito de morte: “Tinha dito à minha mãe que o fazia [“que não o queria ver” — para seguirmos de perto o original inglês] porque o odiava. Mas não era verdade. O certo é que eu ‘o odiara’ e fazia questão de manter esse ódio. Não queria ver a ruína em que ele se transformara: não era uma ruína que eu tivesse odiado. Imagino que uma das razões pelas quais as pessoas se prendem de forma tão tenaz aos seus ódios seja o facto de sentirem que, uma vez o ódio desaparecido, serão de novo confrontadas com a dor.”