Deixou de ser possível enviar mensagens em massa no WhatsApp
A medida que tinha sido anunciada em Junho entrou em vigor no começo do mês. O objectivo é evitar a difusão de notícias falsas.
Deixou de ser possível receber qualquer tipo de mensagens em massa através do WhatsApp. A medida, que tinha sido anunciada em Junho, entrou em vigor a 7 de Dezembro, numa tentativa de limitar a difusão de notícias falsas e desinformação naquela plataforma de mensagens.
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Deixou de ser possível receber qualquer tipo de mensagens em massa através do WhatsApp. A medida, que tinha sido anunciada em Junho, entrou em vigor a 7 de Dezembro, numa tentativa de limitar a difusão de notícias falsas e desinformação naquela plataforma de mensagens.
No começo do ano, o WhatsApp (que é detido pelo Facebook), proibiu o envio de mensagens em massa na aplicação por utilizadores singulares, limitando o número máximo de remetentes de uma mesma mensagem a cinco pessoas. Agora a restrição alarga-se a serviços de terceiros que possibilitam mensagens em massa.
É o caso do MessengerPeople, um dos serviços criados para ajudar empresas e marcas a comunicar com clientes (por exemplo, através de newsletters) em aplicações de mensagens populares. Era utilizado por vários jornais para enviar mensagens via WhatsApp, como o USA Today ou o Washington Post que criou um canal dedicado às eleições indianas em 2019. Em Portugal, era utilizado, por exemplo, pelo Observador para enviar newsletters.
Em 2015, o jornal norte-americano The New York Times também testou temporariamente a aplicação WhatsApp para enviar informação aos leitores interessados sobre a viagem do Papa Francisco a vários países na América Latina.
Só que nos últimos anos o WhatsApp ganhou fama por ser um palco de difusão de informação falsa e perigosa. Em 2018, por exemplo, várias pessoas foram mortalmente agredidas na Índia por multidões influenciadas por mensagens falsas na aplicação sobre supostos criminosos e raptores de crianças. E um pouco por todo o mundo, da Indonésia ao Brasil, o WhatsApp era utilizado em campanhas eleitorais para fazer circular textos, vídeos e fotografias com informações falsas. Em Outubro, a equipa da plataforma admitiu, inclusive, que foi utilizada para enviar milhares de mensagens em massa a eleitores brasileiros com propaganda e informação errada durante a última campanha para as presidenciais no Brasil.
Como vários órgãos noticiosos utilizavam a aplicação para os mesmos temas, por vezes tornava-se difícil distinguir informação falsa de informação fidedigna. O facto levou a equipa do WhatsApp a anunciar o fim do envio de mensagens em massa por serviços de terceiros em Junho.
“Os nossos produtos não têm como objectivo o envio de mensagens automáticas ou em massa, e é esse o motivo de termos colocado limites na forma como o WhatsApp é utilizado," explica a equipa do Facebook em resposta a um email enviado pelo PÚBLICO. “O WhatsApp é um serviço de troca de mensagens criado para ajudar pessoas a enviar comunicar com amigos e entes queridos, ou para receber informação de um negócio”,
Num documento sobre a mudança, partilhado numa página de perguntas e respostas do WhatsApp, o serviço de mensagens frisa que não é “um sistema de transmissão ao vivo” e que “em vez de motivar utilizadores a criar um público grande e a partilhar informação de forma responsável, o WhatsApp foi desenhado para ajudar pessoas a partilhar com quem conhecem ou a receber informação útil de um negócio.”
O WhatsApp alerta ainda que irá tomar medidas legais contra quaisquer serviços ou utilizadores que tentem utilizar a aplicação para continuar a enviar mensagens em massa.
De acordo com o WhatsApp, em vez do envio de mensagens em massa, o serviço pode ser utilizado por pequenos negócios para esclarecer dúvidas dos seus clientes ou dar-lhes a conhecer os serviços e produtos que oferecem. Em Abril de 2019, durante a conferência de programadores anual do Facebook, Mark Zuckerberg explicou que o WhatsApp ajudava milhares de pequenas empresas a falar directamente com os seus clientes e que a aplicação ia passar a ter uma funcionalidade para pequenas empresas mostrarem o seu católogo aos interessados.
Embora o envio de mensagens em massa já não seja possível no WhatsApp, a equipa da MessengerPeople lembra que a funcionalidade continua a funcionar com o Messenger (outra aplicações de mensagens do Facebook), com o serviço de mensagens da Apple, e com serviços de mensagens encriptadas como é o caso do Telegram.
Actualmente, o máximo de utilizadores a que uma mesma mensagem de WhatsApp pode chegar é 1280, como uma mensagem pode ser enviada a cinco grupos de uma só vez e cada grupo a poder ter até 256 pessoas inscritas.
Dados do WhatsApp Monitor, um sistema desenvolvido por uma equipa de universidades internacionais com o objectivo de combater a manipulação eleitoral, mostram que a limitação de mensagens no início do ano (que agora entra em vigor para newsletters) tem diminuído a rapidez com que informação falsa é transmitida. No entanto, pouco tem feito para diminuir a partilha e circulação de conteúdo viral.
Notícia actualizada às 16h02 com comentário da equipa do Facebook