Há um golpe baixo em História de um Casamento, o filme Netflix de Noah Baumbach, que denuncia o seu fundo sentimentalista. É quando, na sequência final, já o casal (Adam Driver e Scarlett Johansson) concluiu, em elipse, o seu doloroso processo de divórcio, Noah Baumbach nos faz voltar a ouvir a mesma carta que tínhamos ouvido no início — a carta, escrita por razões semi-terapêuticas, em que a personagem de Scarlett fazia uma lista das coisas de que gostava no marido prestes a deixar de o ser. É um momento de tearjerk (de “puxa-lágrima”) que o filme — quase sempre seco, descritivo — até aí evitara, e que está lá para o arredondar, para criar um efeito emocional e, pior, para deixar a impressão de que tudo até esse momento fora calculado para lá chegar. Não é muito diferente, na função que desempenha, da famigerada sequência dos beijos no final desse clássico do sentimentalismo lacrimejante que é o Cinema Paraíso de Giuseppe Tornatore.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Há um golpe baixo em História de um Casamento, o filme Netflix de Noah Baumbach, que denuncia o seu fundo sentimentalista. É quando, na sequência final, já o casal (Adam Driver e Scarlett Johansson) concluiu, em elipse, o seu doloroso processo de divórcio, Noah Baumbach nos faz voltar a ouvir a mesma carta que tínhamos ouvido no início — a carta, escrita por razões semi-terapêuticas, em que a personagem de Scarlett fazia uma lista das coisas de que gostava no marido prestes a deixar de o ser. É um momento de tearjerk (de “puxa-lágrima”) que o filme — quase sempre seco, descritivo — até aí evitara, e que está lá para o arredondar, para criar um efeito emocional e, pior, para deixar a impressão de que tudo até esse momento fora calculado para lá chegar. Não é muito diferente, na função que desempenha, da famigerada sequência dos beijos no final desse clássico do sentimentalismo lacrimejante que é o Cinema Paraíso de Giuseppe Tornatore.