Hong Kong marca seis meses de protestos com enorme marcha
Manifestação pacífica é uma das maiores dos últimos meses e mostra apoio generalizado aos protestos.
Milhares de manifestantes vestidos de preto juntaram-se numa enorme manifestação em Hong Kong, assinalando seis meses de protestos – um enorme sinal de apoio generalizado a um movimento que não parece diminuir quando entra no seu sétimo mês.
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Milhares de manifestantes vestidos de preto juntaram-se numa enorme manifestação em Hong Kong, assinalando seis meses de protestos – um enorme sinal de apoio generalizado a um movimento que não parece diminuir quando entra no seu sétimo mês.
“Vou lutar pela liberdade até morrer porque sou de Hong Kong”, disse à Reuters June, 40 anos. “Hoje a questão é apoiar Hong Kong.”
As palavras de ordem mais repetidos pelos manifestantes – uma multidão diversificada incluindo famílias, estudantes, profissionais, idosos – eram “luta pela liberdade, apoia Hong Kong”. Os organizadores estimam que tenham estado nas ruas 800 mil pessoas. A polícia, que faz sempre estimativas mais baixas, apontou para uma participação de 183 mil pessoas. Os números, quer dos organizadores quer da polícia, apontam para que esta tenha sido a maior manifestação dos últimos meses.
Antes do protesto, a polícia disse ter detido 11 pessoas, com idades entre 20 a 63 anos, e confiscado armas, desde facas a foguetes a uma pistola – foi a primeira vez que houve uma arma de fogo confiscada nestes seis meses. Desde Junho, foram detidas no total quase seis mil pessoas, mais de 30% delas com idades entre os 21 e 25 anos, diz a Reuters.
As autoridades autorizaram o protesto organizado pela Frente Civil de Direitos Humanos, o que já não acontecia desde 18 de Agosto. A organização foi a responsável pelas primeiras enormes manifestações contra uma lei que tornaria possível a extradição de suspeitos de crimes de Hong Kong para a China, o que foi o rastilho para um protesto maior pedindo mais democracia (eleição directa do chefe do governo e não a partir de uma lista pré-aprovada por Pequim, por exemplo).
“Cinco exigências, nem uma menos”, diziam os manifestantes, que querem ainda que o governo de Hong Kong se retracte de ter descrito as manifestações como “motins” (manifestantes presos sob esta acusação enfrentam penas de até dez anos de prisão); que sejam retiradas as acusações contra os manifestantes; e que seja aberto um inquérito ao uso de força durante os protestos.
A antiga colónia britânica teme cada vez mais influência chinesa apesar do princípio “um país, dois sistemas”, que lhe permite liberdades inexistentes na China continental (como a de manifestação).
“Isto é só o começo. Ainda temos muito para andar”, disse outra manifestante, a engenheira Louisa Yiu.
“Tantas pessoas apoiam ainda este movimento. Pode-se ver quão determinadas são as pessoas de Hong Kong”, disse Justin Ng, um estudante de 20 anos, à Associated Press. “Ouvi um miúdo a gritar palavras de ordem – tinha quatro, cinco anos. Isso encorajou-me: não é apenas esta geração, mas gerações futuras”.
Letreiros em lojas e restaurantes que apoiam o movimento tinham mensagem como “obrigado pela persistência dos corajosos e dos pacifistas neste último meio ano”. A jornalista do New York Times Eliane Yu comentava no Twitter que uma das características chave do movimento tem sido “a solidariedade dos campos ‘militante’ e ‘pacifista’”.
Nos últimos seis meses (a data certa é esta segunda-feira) os protestos que começaram pacíficos foram, por vezes, violentos, com manifestantes a atirarem objectos contra a polícia, ou até setas, como na Universidade Politécnica, onde os manifestantes foram depois cercados pela polícia durante dias.
A manifestação deste domingo mostra que há ainda apoio alargado às manifestações apesar dos episódios violentos.