Lúdica Música dá outra tradução à MPB: Música Popular Boa

O trio brasileiro Lúdica Música, formado em 1991 em Juiz de Fora, Minas Gerais, e agora sediado no norte de Portugal, apresenta-se ao vivo em Cascais esta sexta-feira e em Lisboa sábado e domingo.

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Lúdica Música: Gutti Mendes, Rosanna Britto (ao centro) e Isabella Ladeira GAL OLIVEIRA

Brasileiro, tem 28 anos de existência e fãs como Milton Nascimento ou Ivan Lins. Chama-se Lúdica Música, foi fundado em Juiz de Fora, Minas Gerais, e é hoje formado por Rosanna Britto (voz, guitarra, percussão, direcção musical), Isabella Ladeira (voz, percussão) e Gutti Mendes (voz, guitarra, percussão). Com mais de mil actuações pelo Brasil e pela Europa, está agora sediado em Portugal, onde actuou pela primeira vez há 20 anos. E tem vindo a mostrar em vários palcos o seu mais recente trabalho, intitulado Originais Ao Vivo (CD e DVD). Esta sexta-feira o trio estará no Cascais Jazz Club (21h), com um Tributo a Chico Buarque, e nos dias seguintes levará o seu espectáculo Diversões Lúdicas & Originais a dois espaços lisboetas: a Fábrica Braço de Prata (sábado, 22h) e o Espaço Espelho D’Água (domingo, 18h).

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Brasileiro, tem 28 anos de existência e fãs como Milton Nascimento ou Ivan Lins. Chama-se Lúdica Música, foi fundado em Juiz de Fora, Minas Gerais, e é hoje formado por Rosanna Britto (voz, guitarra, percussão, direcção musical), Isabella Ladeira (voz, percussão) e Gutti Mendes (voz, guitarra, percussão). Com mais de mil actuações pelo Brasil e pela Europa, está agora sediado em Portugal, onde actuou pela primeira vez há 20 anos. E tem vindo a mostrar em vários palcos o seu mais recente trabalho, intitulado Originais Ao Vivo (CD e DVD). Esta sexta-feira o trio estará no Cascais Jazz Club (21h), com um Tributo a Chico Buarque, e nos dias seguintes levará o seu espectáculo Diversões Lúdicas & Originais a dois espaços lisboetas: a Fábrica Braço de Prata (sábado, 22h) e o Espaço Espelho D’Água (domingo, 18h).

Mas a formação actual não foi a primeira, embora o grupo tenha nascido do encontro entre Rosanna e Isabella, como esta recorda ao PÚBLICO: “Eu e Rosanna tínhamos muita coisa em comum. Eu tinha uma banda de rock na adolescência, com 15 anos, chamada Frúturo Sim, e, já nessa altura, amigos (que eram também amigos dela) me diziam: ‘você tem de conhecer a velhinha’ [a ‘velhinha’ era Rosanna, com… 30 anos!). A nossa primeira empresária também dizia: ‘Você precisa conhecer a Rosanna, precisam se encontrar, gostam das mesmas coisas.”

O nascimento de um trio

O encontro não foi imediato, surgiu apenas quando Isabella trocou o rock por outros sons: “Depois da banda de rock, fui cantar jazz e bossa nova nesse bar que era do baterista e dessa nossa empresária que era amiga da Rosanna.” Aos domingos, covers. “Um belo dia eu fui ensaiar um show, a minha banda brigou, ela estava no bar e alguém nos apresentou. E ela disse assim: ‘Eu vou tocar aqui, nessa semana, quem sabe você vem ver.’” Isabella foi e ficou espantada. “O repertório que ela fazia era o eu queria fazer também.” Resultado: Rosanna convidou-a a participar num show que ela ia fazer com Joãozinho da Percussão, ele foi e desde esse dia não se separaram mais. “Colocámos um nome para o projecto, que era o nome do show, Lúdica Música, e acabou virando o nome do grupo.” Começou com o trio inicial, mas um dia Joãozinho da Percussão saiu, porque viajava muito (“fazia muitas tournées com o Chico Buarque, o Jorge Benjor, a Joyce, etc.”) e elas continuaram o grupo, sozinhas.

A Lúdica Música viveu uns tempos como duo, Isabella e Rosanna, chamando outros músicos quando elas precisavam actuar com banda. Até que elas vieram a Portugal, por ocasião dos 500 anos da chegada de Pedro Álvares Cabral ao Brasil (no ano 2000), e três anos depois o duo voltou a ser trio. Isabella e Rosanna gravaram em Portugal um disco chamado Presente (“inclusive com músicos portugueses”) e no regresso ao Brasil, já durante os espectáculos para promover o disco, conheceram Gutti Mendes. Rosanna recorda: “Ele apareceu lá, já era um pouco nosso fã, e na nossa segunda temporada em Portugal ele veio também.” E ficou.

Passados pelo “ludificador”​

Do repertório do Lúdica Música constam, a par de temas próprios, canções de Chico Buarque, Tom Jobim, do Clube da Esquina (Milton, Lô Borges, Ronaldo Bastos) mas também passam pelo seu “ludificador” canções dos Beatles, jazz, samba, bossa-nova, rock e até clássicos e contemporâneos da música portuguesa. “O nosso repertório sempre foi muito amplo, nunca tivemos preconceitos contra estilos”, diz Isabella. “Então a gente começou a colocar, como opção aos shows normais, os tributos. Fizemos Elis, Tom Jobim, Milton Nascimento…”

E não só. Também Sting, Stevie Wonder, Queen, David Bowie, Roberto Carlos & Erasmo Carlos, Tribalistas, Ivan Lins, João Bosco. “Mas a gente começou pelas paixões, mesmo”, diz Rosanna. “E um dos primeiros foi Beatles. Porque o Gutti começou com uma banda de covers de Beatles, a Isabella, a primeira canção que cantou em público foi o Yesterday e o maior sucesso que a gente tem em todo o lado aonde vai sou eu que canto e é o Oh! Darling.”

“E no meio disso tudo – agora é Gutti que fala – a gente tem um projecto que já vai fazer 14 anos e que é a Oficina Lúdica de Ritmos, que são workshops para crianças, itinerantes: a gente vai, chega, reúne uma turma, ensaia um show. Temos feito isso muito no Norte.” Isabella: “Agora em Janeiro, a gente vai começar no Porto com turmas permanentes, porque é uma coisa terapêutica. Envolve músicos que já não tocam há muito tempo; ou quem aprendeu e quis voltar; ou até quem ali chega a dizer ‘não tenho ritmo nenhum, vai ser um problema’.”

Depois dos concertos em Cascais e Lisboa, o Lúdica Música vai continuar em digressão, por outros palcos e lugares. Sediado em Portugal desde Maio deste ano, o grupo conta ficar por aqui até 2021. Como sucessor do CD Originais Ao Vivo e do DVD Mundo Ludo & Outras Diversões (este também gravado ao vivo, com vários outros músicos e participações especiais de Milton Nascimento, André Abujamra e Marcinho Itaboray), o Lúdica Música já se imagina a gravar um disco com a formação actual, só o trio, sem banda, o que seria a primeira vez. “Projectos não faltam”, dizem. Mas sempre pela MPB. Ou seja, pela Música Popular Boa.