Indiana queimada quando ia a caminho do tribunal para depor contra violadores
A jovem estava a caminho da estação de comboios quando foi arrastada para um campo, regada com gasolina e incendiada. Este é o segundo caso com contornos semelhantes a acontecer no espaço de uma semana.
Uma mulher indiana de 23 anos está em estado grave depois de ter sido queimada quando estava a caminho do tribunal para prestar testemunho contra dois homens que acusa de a terem violado. A mulher está hospitalizada e apresenta queimaduras de primeiro grau em mais 70% do corpo.
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Uma mulher indiana de 23 anos está em estado grave depois de ter sido queimada quando estava a caminho do tribunal para prestar testemunho contra dois homens que acusa de a terem violado. A mulher está hospitalizada e apresenta queimaduras de primeiro grau em mais 70% do corpo.
Foi atacada por cinco homens em Unnao, no estado indiano de Uttar Pradesh. De acordo com os meios de comunicação locais, a jovem dirigia-se para a estação de comboios da cidade quando foi arrastada para um campo, regada com gasolina e incendiada.
Fonte da polícia disse à AFP que os cinco homens, onde se incluem os dois que violaram a jovem, foram presos e estão a ser interrogados. A mulher, que está num hospital da capital de estado, em Lucknow, deverá ser transportada para Deli para receber cuidados médicos mais especializados. “Os dois homens atearam fogo à jovem de 23 anos para se vingarem”, disse um agente da polícia local citado pelo The Guardian.
A mulher terá tido um relacionamento com um dos seus agressores no ano passado. Este terá prometido casar-se com ela, mas acabou por explorá-la fisicamente e de forma consecutiva e por violá-la com um amigo numa fase posterior. A jovem apresentou queixa na polícia, mas os agressores foram libertados depois de pagarem a fiança.
Supriya Sule, membro do Partido Nacionalista do Congresso, escreveu no Twitter que estava “triste e chocada" por saber que a vítima de violação em Unnao foi atacada e queimada. “Se os culpados não fossem protegidos e fossem condenados a tempo isto não teria acontecido”, escreveu.
O caso acontece numa altura em que a Índia está ainda a recuperar de outra situação com contornos semelhantes. Na semana passada, o corpo de uma jovem veterinária de 27 anos foi encontrado debaixo de uma ponte na cidade de Hyderabad, no estado de Telangana, no sul do país. A mulher terá sido violada por vários homens que depois a terão asfixiado, queimado e abandonado num local escondido.
De acordo com a informação avançada pela polícia local, o crime terá sido premeditado, uma vez que a mota da jovem estava com os pneus furados. Quando a veterinária reparou, quatro homens ter-se-ão aproximado para oferecer ajuda. A mulher foi depois levada para uma zona de mato numa localidade desabitada onde foi violada pelos quatro homens. O seu corpo foi depois colocado num camião e levado para um viaduto próximo, onde os homens lhe atearam fogo e o abandonaram por volta das 2h.
A BBC avança que pelo menos 100 casos de violação são todos os dias denunciados na Índia, isto de acordo com os últimos números disponíveis. Mas muitos casos nunca a chegam a ser denunciados por medo, vergonha ou receio de retaliação dos acusados. À luz dos acontecimentos das últimas semanas, as autoridades têm pedido às mulheres para irem para as suas casas mais cedo e para evitarem andar de transportes públicos a certas horas do dia.
Os casos recentes e a memória de outros, como o da jovem que foi atacada e violada por um grupo de homens num autocarro em Nova Deli, vindo a morrer dias depois, têm gerado uma onda de indignação na população indiana. Centenas de mulheres têm saído às ruas para exigir mais acção por parte das forças de segurança e do Governo que em 2018 aprovou uma emenda à legislação com vista à introdução da pena de morte para os crimes de violação de raparigas com menos de 12 anos.
Os dados mais recentes dizem que em 2017, mais de 32 mil casos de violação foram relatados na Índia. Activistas e organizações de defesa dos direitos das mulheres continuam a sublinhar que a medida da pena de morte não é suficiente porque não ajuda a resolver o problema de base: as causas sociais subjacentes ao problema da violência contra as mulheres.