Polícia lança campanha contra lavagem de dinheiro: pare de ser “mula”
Uma “mula” de dinheiro é a designação usada para pessoas que funcionam como correios, de forma a encobrir transferências de dinheiro para o estrangeiro, quantias elevadas que provêm de actividades criminosas.
“Pensa que pode ser usado como ‘mula’? Aja agora antes de ser demasiado tarde: pare de transferir dinheiro e avise o seu banco e a polícia do seu país imediatamente”. Este é o lema da campanha internacional que a Europol, agência europeia de polícia, vai lançar em vários países para aumentar a consciência dos cidadãos para os crimes de lavagem de dinheiro que estão cada vez mais sofisticados.
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“Pensa que pode ser usado como ‘mula’? Aja agora antes de ser demasiado tarde: pare de transferir dinheiro e avise o seu banco e a polícia do seu país imediatamente”. Este é o lema da campanha internacional que a Europol, agência europeia de polícia, vai lançar em vários países para aumentar a consciência dos cidadãos para os crimes de lavagem de dinheiro que estão cada vez mais sofisticados.
A campanha #DontbeaMule vai estar disponível em 25 línguas e visa informar o público sobre a forma de operar dos indivíduos que branqueiam capitais, a forma como as pessoas se podem proteger destes ataques e o que fazer no caso de se tornarem vítimas.
A Europol anunciou esta quarta-feira o lançamento desta curiosa campanha num comunicado em que dá conta de uma mega-operação contra lavagem de dinheiro, que incluiu Portugal, e que resultou na detenção de mais de duas centenas de pessoas e a identificação de quase quatro mil pessoas que transferem dinheiro e que vulgarmente são designadas como “mulas” - algumas das quais foram recrutadas em sites de encontros amorosos.
Uma “mula” de dinheiro é a designação adoptada coloquialmente para as pessoas que funcionam como correios (por analogia com os correios de droga), de forma a encobrir transferências de dinheiro para o estrangeiro, quantias elevadas que provêm de actividades criminosas. Mas, ao contrário dos correios de droga, não necessitam de atravessar fronteiras físicas. Limitam-se a colaborar - muitas vezes sem disso ter consciência - na lavagem de dinheiro, recebendo e transferindo para contas bancárias e para outros países quantias obtidas ilegalmente.
Os recrutadores usam meios cada vez mais engenhosos. Este ano aumentaram os casos envolvendo “esquemas românticos”, com os criminosos a recrutarem cada vez mais “mulas” em sites de encontros online, convencendo as vítimas a abrir contas bancárias para as quais enviam ou recebem dinheiro, descreve a Europol. Os criminosos estão igualmente a recorrer cada vez mais às redes sociais para recrutar correios através de anúncios do tipo “fique rico rapidamente”, uma técnica “particularmente popular” para aliciar estudantes e jovens adultos, avisa.
Riscos de colaborar nestes esquemas
A polícia europeia alerta os mais incautos para os riscos de colaborar neste tipo de esquemas. Mesmo que não tenham consciência disso, estão a cometer um crime e as consequências legais podem ser “severas”. Podem ser detidos, passar a ter registos criminais manchados e até deixar de poder fazer hipotecas e abrir contas bancárias.
A mega-operação foi realizada entre Setembro e Novembro e envolveu 31 países, incluindo Portugal, revelou ainda a agência europeia. A Polícia Judiciária portuguesa anunciou, entretanto, que vai divulgar, esta quarta-feira, mais dados sobre detenções e apreensões efectuadas ao longo deste ano e resultantes da lavagem de dinheiro em Portugal.
Nesta que foi já a quinta operação de combate ao branqueamento de capitais levada a cabo pela Europol, com a colaboração da Eurojust (agência que reforça a coordenação das autoridades judiciais da União Europeia contra criminalidade grave internacional) e da Federação Europeia de Bancos, foram identificadas 3833 “mulas” de dinheiro e angariadores, tendo sido detidas 228 pessoas, especificou a Europol. Os Estados Unidos e a Austrália também colaboraram na operação que permitiu evitar perdas “no valor de 12,9 milhões de euros”, acrescentou.
No âmbito desta mega-operação, foram iniciadas 1025 investigações criminais, muitas das coisas ainda estão em curso, e mais de 650 bancos, 17 associações bancárias e outras instituições financeiras colaboraram na detecção de 7520 transacções fraudulentas, especificou ainda a Europol.