Sindicato diz que Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra obriga enfermeiros a tarefas administrativas
Dirigente do sindicato dos enfermeiros, Paulo Anacleto, denuncia impossibilidades de registo clínico no novo sistema informático. Hospital nega que tenham sido delegadas tarefas “exclusivas” a outros profissionais.
O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) acusou esta segunda-feira o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) de obrigar enfermeiros a tarefas administrativas. A Direcção Regional de Coimbra do SEP afirmou, em comunicado, que a administração do CHUC, através de uma deliberação comunicada aos trabalhadores na sexta-feira, quer obrigar os enfermeiros a tarefas de funcionários administrativos durante o período de fora de horas, alertando ainda que os enfermeiros a desempenhar funções em ambulatório estão impossibilitados de fazer o registo clínico no sistema informático.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) acusou esta segunda-feira o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) de obrigar enfermeiros a tarefas administrativas. A Direcção Regional de Coimbra do SEP afirmou, em comunicado, que a administração do CHUC, através de uma deliberação comunicada aos trabalhadores na sexta-feira, quer obrigar os enfermeiros a tarefas de funcionários administrativos durante o período de fora de horas, alertando ainda que os enfermeiros a desempenhar funções em ambulatório estão impossibilitados de fazer o registo clínico no sistema informático.
Contactado pela agência Lusa, o CHUC nega as acusações do sindicato.
No comunicado enviado à agência Lusa, o SEP apela a que os enfermeiros ignorem, se necessário, as decisões do conselho de administração do CHUC. Segundo o dirigente sindical Paulo Anacleto, com a deliberação de sexta-feira, o CHUC está “a meter a foice em seara alheia”, ao exigir funções que são de outros profissionais. “Gostava de saber se se põe um funcionário administrativo a fazer uma intervenção cirúrgica. Há papéis e funções atribuídos por lei aos diferentes trabalhadores”, vincou o dirigente do SEP.
De acordo com Paulo Anacleto, a deliberação do CHUC refere que, no período fora de horas, os enfermeiros passam a registar informações no novo sistema informático (adoptado no final do mês de Novembro), que são procedimentos administrativos. Na mesma deliberação, os enfermeiros que estão a desempenhar funções de ambulatório passam a estar “impossibilitados do ponto de vista informático” de fazer qualquer registo clínico de enfermagem no sistema, acusa. “Se alguém quiser analisar o que foi feito há um mês ou há uma semana não tem essa possibilidade”, vincou Paulo Anacleto, referindo que esta situação nunca tinha acontecido no passado.
Questionado pela agência Lusa, o CHUC, em resposta por email, salientou que iniciou em 23 de Novembro o processo de migração do sistema informático, sendo que em 30 de Novembro ocorreu a segunda fase do processo, que consistiu na ligação do serviço de urgência ao novo sistema.
O processo levou “a que todos os profissionais tivessem estado disponíveis para colaborar, assumindo responsabilidades que, em condições normais de funcionamento, não seriam necessárias”, refere o gabinete de comunicação do CHUC.
“Importa, contudo, esclarecer que não foram exigidos a nenhum grupo profissional que assumisse responsabilidades que fossem exclusivas de outros. Sublinha-se que o que foi incentivado foi este espírito de entreajuda indispensável ao sucesso do processo de migração que, nunca é demais sublinhar, foi bem-sucedido”, frisou.
Quanto à segunda crítica do SEP sobre a impossibilidade de enfermeiros em ambulatório fazerem registo clínico no sistema, o CHUC “refuta em absoluto tal acusação”, referindo que o que acontece é que “tem agora que proceder-se a parametrizações que não podem ocorrer em simultâneo e que estão a ser levadas a cabo em função do grau de criticidade até à estabilização total do sistema de informação”.