Defensores das touradas juntam-se aos protestos da Cultura em Luta

Associações tauromáquicas vão participar nas manifestações de 10 de Dezembro em Lisboa e no Porto.

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Defensores das touradas querem mais dinheiro para a cultura Paulo Pimenta

A Associação Nacional de Toureiros (ANT) e a Associação Nacional de Grupos de Forcados (ANGF) decidiram juntar-se aos protestos marcados para o dia 10 de Dezembro pela Plataforma Cultura em Luta. Este movimento criado em 2015, que representa a comunidade de artistas e trabalhadores de diferentes áreas e que luta por mais dinheiro no Orçamento do Estado para o sector, tem manifestações marcadas para Lisboa a Porto e conta agora com o apoio dos defensores das touradas.

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A Associação Nacional de Toureiros (ANT) e a Associação Nacional de Grupos de Forcados (ANGF) decidiram juntar-se aos protestos marcados para o dia 10 de Dezembro pela Plataforma Cultura em Luta. Este movimento criado em 2015, que representa a comunidade de artistas e trabalhadores de diferentes áreas e que luta por mais dinheiro no Orçamento do Estado para o sector, tem manifestações marcadas para Lisboa a Porto e conta agora com o apoio dos defensores das touradas.

“Estes artistas, vêm prestar a sua total e completa solidariedade para com a Plataforma Cultura em Luta, que, através de abaixo-assinado, pediu a demissão da Ministra da Cultura Graça Fonseca”, diz um comunicado destas duas associações.

Para Nuno Pardal, presidente da ANT, o sector da cultura “continua a ser o parente pobre das políticas governativas” e, no caso da tauromaquia, “sem apoios ou política de fomento”, em que “o Estado limita continuamente a acção dos privados na produção cultural, com todo o tipo de taxas e burocracias”.

“Temos dos mais baixos hábitos de consumo cultural e isso devia ser um alerta sério para o Governo e para a ministra da Cultura. A cultura é um motor de desenvolvimento económico e de emprego continuamente esquecido”, acrescenta Nuno Pardal.

Já José Potier, presidente da ANGF, acrescenta que Graça Fonseca “não tem revelado sensibilidade cultural para continuar à frente de uma pasta tão importante como a da cultura”.

Ministra animalista

“A tauromaquia é uma actividade cultural tutelada pelo Ministério da Cultura, que tem uma titular radicalmente animalista, que ataca o sector da tauromaquia, confundindo os seus gostos pessoais com os seus deveres e obrigações como ministra. Mal comparado, é como se tivéssemos um ministro do Desporto que fosse do Sporting e por isso agisse contra o Benfica e o Futebol Clube do Porto”, salienta.

Nuno Pardal diz não ser ainda muito claro que tipo de protestos vão ser organizados a 10 de Dezembro, mas se se realizarem manifestações em Lisboa e Porto, como alguns dirigentes da plataforma Cultura em Luta têm admitido, garante que os defensores do sector tauromáquico estarão presentes.

stas duas associações integram a PróToiro – Federação Portuguesa de Tauromaquia, que na anterior legislatura pediu diversas vezes a demissão da ministra da Cultura. Porém, assim que se soube que Graça Fonseca continuava na pasta, manifestou-se “disponível para iniciar um diálogo civilizado e construtivo com o ministério da Cultura”.

“Pese embora a continuidade de Graça Fonseca que, como se sabe, sempre hostilizou o sector tauromáquico, a PróToiro acredita e está esperançada que as posições pessoais e institucionais não voltarão a ser confundidas”, acrescentou.

A Plataforma Cultura em Luta - que congrega o CENA (Sindicato dos Músicos, dos Profissionais do Espectáculo e do Audiovisual), o Manifesto em defesa da Cultura, a Federação Nacional de Sindicatos de Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais ou o Sindicato dos Trabalhadores de Espectáculos, entre outros - anunciou a 29 de Novembro a realização de uma “grande jornada de luta” na terça-feira 10 de Dezembro, seis dias antes da data limite para a entrega do Orçamento do Estado para 2020 na Assembleia da República.

Em comunicado, o grupo justifica o protesto com a “repetição de cenários e o agravamento do panorama de degradação, empobrecimento e esvaziamento crescente da liberdade e da diversidade na Cultura” e pede financiamento adequado para o sector das artes.

“Além da realização de grandes acções públicas em Lisboa e Porto, apelamos à mobilização dos artistas, dos trabalhadores da Cultura e da sociedade, para acções em outras cidades do país”, lê-se na mesma nota.