Japão: mulheres menstruadas têm de usar crachá? Medida gera críticas
Cadeia de lojas Daimaru acredita que medida serviria para fomentar espírito de entreajuda nos funcionários. Polémica causada no Japão obrigou responsáveis a avaliarem fim da medida.
Num dos estabelecimentos da cadeia de lojas Daimaru, as funcionárias usam um crachá quando estão menstruadas. Mas esta medida, implementada a 15 de Outubro, originou várias críticas quando foi tornada pública, obrigando os executivos da cadeia comercial japonesa a repensar a decisão.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Num dos estabelecimentos da cadeia de lojas Daimaru, as funcionárias usam um crachá quando estão menstruadas. Mas esta medida, implementada a 15 de Outubro, originou várias críticas quando foi tornada pública, obrigando os executivos da cadeia comercial japonesa a repensar a decisão.
O crachá desenhado pela Daimaru contém uma personagem de desenhos animados chamada Seiri Chan — “Pequena Senhora Período”, numa tradução livre para português — que, para os nipónicos, simboliza a menstruação.
A empresa esperava que a medida servisse como uma ferramenta de comunicação interna e fomentasse maior simpatia e compreensão entre os funcionários. As mulheres que utilizassem o pin poderiam ter direito a mais pausas e a duração das mesmas também seria alargada.
“Recebemos muitas queixas do público. Algumas [pessoas] estavam preocupadas com o assédio laboral, algo que não era a nossa intenção. Estamos a repensar os nossos planos”, afirmou, sob anonimato, um dos responsáveis pela cadeia de lojas, citado pelo The Japan Times.
De acordo com o WWD Japan, semanário japonês sobre moda, a cadeia de lojas abriu uma nova secção em parceria com a aplicação argentina Luna, centrada na saúde sexual feminina e através da qual é possível monitorizar o ciclo menstrual. Aí vendem-se vários produtos, entre os quais roupa interior, brinquedos sexuais, chás e suplementos herbáceos.
Este caso volta a trazer para o espaço público a discussão sobre discriminação de género no Japão. Em Novembro, foi revelado que várias empresas nipónicas proibiam as mulheres de usar óculos, exigindo a utilização de lentes de contacto. As justificações para esta directriz variavam consoante os empregadores, mas o aspecto estético era o mais referido.
Muitas mulheres japonesas sentem-se obrigadas a usar saltos altos no local de trabalho e em entrevistas de emprego. Contra esta convenção, um grupo de japonesas apresentou uma petição ao Governo e criou o movimento #KuToo. O nome resulta de um trocadilho entre as palavras japonesas kutsu (sapatos) e kutsuu (dor), criando uma nova versão do movimento contra o assédio sexual #MeToo.