Oxfam pede mais apoio para os países pobres, com foco nas mulheres
Os dez estados com mais risco de ver as suas populações deslocadas por força de fenómenos climáticos extremos estão entre os que menos contribuem para a emissão de gases com efeito de estufa.
No dia da abertura da COP25, a Oxfam revelou um relatório em que lembra que as alterações climáticas são as responsáveis pela esmagadora maioria de deslocações forçadas internas (87%), que afectam, sobretudo, os países menos desenvolvidos e que menos contribuem para a emissão de gases com efeito de estufa (GEE). Em linha com o que pede as Nações Unidas, a confederação de associações que lutam contra a pobreza pediu uma redução “maior e mais urgente” das emissões e uma actualização dos documentos nacionais determinados dos países, acompanhados de um aumento dos apoios financeiros a prestar a estes países.
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No dia da abertura da COP25, a Oxfam revelou um relatório em que lembra que as alterações climáticas são as responsáveis pela esmagadora maioria de deslocações forçadas internas (87%), que afectam, sobretudo, os países menos desenvolvidos e que menos contribuem para a emissão de gases com efeito de estufa (GEE). Em linha com o que pede as Nações Unidas, a confederação de associações que lutam contra a pobreza pediu uma redução “maior e mais urgente” das emissões e uma actualização dos documentos nacionais determinados dos países, acompanhados de um aumento dos apoios financeiros a prestar a estes países.
A lista de recomendações que a Oxfam deixa aos decisores políticos presentes na COP25 inclui a capacidade de estes “garantirem que os que sofrem mais perdas e danos pela crise climática recebem o apoio necessário”. Para isso, dizem, há que criar “uma nova forma de financiamento” no âmbito do Mecanismo de Varsóvia sobre Perdas e Danos. Outros meios de apoio, sugerem, podem passar pela criação de uma “taxa de danos climáticos” para quem extrai combustíveis fósseis ou “o alívio da dívida” em caso de um desastre provocado por fenómenos climáticos extremos.
As mulheres, diz ainda a Oxfam, estar no centro de todas as decisões e as suas necessidades e forças particulares “devem servir para desenhar todas as iniciativas de perdas e danos”. Porque se os países mais pobres e menos responsáveis pelas emissões de GEE são os mais afectados pelos desastres naturais, as mulheres que lá vivem são o grupo que mais sofre, já que em muitos deles, questões básicas como aprender a nadar estão-lhe vedadas, diz o documento revelado esta segunda-feira.
Segundo os dados compilados pela confederação, dos dez países em que as pessoas correm mais risco de serem desalojadas por desastres naturais, só a Somália não é uma ilha e apenas um, a Dominica, está na lista dos cem maiores emissores de GEE per capita – mas numa modestíssima 96.ª posição. Cuba, Tuvalu, Filipinas, São Martinho, Vanuatu, Fiji, Sri Lanka e Tonga são os restantes estados mais vulneráveis, refere o relatório. Os habitantes do Tuvalu ou de Cuba “têm 150 vezes mais probabilidades de serem deslocadas por razões relacionadas com fenómenos extremos [do clima] do que quem vive na Europa”, refere a Oxfam.
Além disso, defender este organismo, é preciso entender melhor as implicações das alterações climáticas nos conflitos que ocorrem em vários países. Salientando que há ainda “muito a aprender” sobre essa ligação, a Oxfam afirma que “há provas crescentes que a crise climática está a exacerbar a instabilidade em muitas regiões, piorando as condições que levam ao conflito e aumentando os riscos no futuro”.