Árvore portuguesa de 2020 é o castanheiro de Vales
Este castanheiro, uma das árvores mais grossas de Portugal, tem 21 metros e um perímetro de tronco de 14 metros.
A árvore portuguesa de 2020 é o castanheiro de Vales, em Tresminas, no concelho de Vila Pouca de Aguiar. Com cerca de mil anos, tem 21 metros e um perímetro de tronco de 14 metros. Com 1848 votos, este castanheiro (Castanea sativa) venceu a votação online Árvore do Ano 2020 e representará Portugal no concurso Árvore Europeia do Ano.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A árvore portuguesa de 2020 é o castanheiro de Vales, em Tresminas, no concelho de Vila Pouca de Aguiar. Com cerca de mil anos, tem 21 metros e um perímetro de tronco de 14 metros. Com 1848 votos, este castanheiro (Castanea sativa) venceu a votação online Árvore do Ano 2020 e representará Portugal no concurso Árvore Europeia do Ano.
Por ordem decrescente na votação online, ficou a oliveira do Mouchão, em Abrantes (com 1493 votos), a canfoeira de Bencanta, em Coimbra (com 1250 votos), seguidas da azinheira das Furnas (na ilha de São Miguel), o carvalho de Calvos (Póvoa do Lanhoso), um carvalho de Viseu, um pinheiro bravo designado “prior de Tibães” (de Braga), um metrosidero e um bordo-do-japão do Jardim Botânico do Porto, a oliveira de Pedras D’El Rey (em Tavira) e um híbrido entre as espécies Quercus faginea e Quercus robur do Instituto Superior de Agronomia (em Lisboa).
“O castanheiro de Vales é uma árvore majestosa e milenar, localizada em propriedade privada, por onde se chega atravessando paisagens agrícolas e florestas de encantar”, refere-se num comunicado da União da Floresta Mediterrânica – UNAC, que organizou o concurso. Refere-se ainda que, como está num terreno privado, o seu proprietário convida todos os que por lá passam a entrar nesse terreno. “Trata-se de uma das mais grossas árvores do nosso país, cuja cavidade do tronco guarda muitas histórias do tempo em que o castanheiro era o ponto de referência das brincadeiras das crianças.”
Raquel Lopes foi quem propôs este castanheiro a Árvore do Ano de 2020. A professora de biologia no ensino secundário está a fazer um doutoramento em comunicação de ciência na área das árvores monumentais e acabou por candidatar nove árvores a este concurso. Juntamente com o castanheiro, passaram à selecção das dez árvores que estiveram em votação a canforeira, o carvalho de Viseu e a oliveira de Pedras D’El Rey.
Agora recorda quando foi a Vales e viu este castanheiro pela primeira vez. “Na altura, fui encontrando algumas pessoas que me foram indicando o caminho”, relata. “A propriedade está vedada, tem um portão e pensei que não podia entrar porque é propriedade privada. Mas, a trabalhar no terreno anexo estava um agricultor que me disse: ‘Pode entrar à vontade. O proprietário tem sempre o portão aberto para quem queira conhecer a árvore.’” Foi então que testemunhou que o esta era uma “árvore notável”: “Destaca-se no parâmetro das árvores autóctones portuguesas.”
Destaca ainda a estima que o seu proprietário, Fernando Marques (como indica na história que escreveu sobre o castanheiro) lhe tem dedicado. “É um exemplo”, frisa. Aliás, Raquel Lopes refere que este reconhecimento deve ser uma chamada de atenção para a situação dos castanheiros. “Muitos destes antigos castanheiros estão a morrer e há poucas árvores com esta idade que restam na nossa floresta.”
Mas, tanto o castanheiro – que está classificado como arvoredo de interesse público – como outras árvores deste concurso, têm um simbolismo: “São árvores identitárias de uma comunidade. Toda a gente sabia onde se localizava aquele castanheiro, o que diz muito da memória colectiva daquela população.”
À rádio Renascença, Duarte Marques, da família a que pertence o castanheiro, mostrou-se orgulhoso pelo reconhecimento. “O castanheiro está num souto e sofreu alguns trabalhos de melhoria, de protecção e valorização dado o adiantado da idade”, disse, referindo que todos os que quiserem podem visitar esta árvore.
Em 2018, a árvore portuguesa foi o Sobreiro Assobiador da aldeia de Águas de Moura (no concelho de Palmela), que acabou por ficar em primeiro lugar no concurso Árvore Europeia do Ano. Já em 2019 a escolha foi a Azinheira Secular do Monte do Barbeiro, que fica a cerca de sete quilómetros da aldeia de Alcaria Ruiva no concelho de Mértola, que ficou em terceiro lugar no concurso europeu.
Em Fevereiro de 2020, abrirá a votação online para a escolha da Árvore Europeia do Ano. O castanheiro de Vales estará aí em votação.