Morreu Domingos Piedade, um dos rostos da Fórmula 1 em Portugal
Domingos Piedade, de 75 anos, morreu vítima de cancro no pulmão.
Domingos Piedade, uma das mais importantes figuras da Fórmula 1 em Portugal, morreu este sábado no Hospital CUF de Cascais, vítima de cancro no pulmão. A notícia foi confirmada ao PÚBLICO por Carlos Barbosa, presidente do Automóvel Clube de Portugal (ACP).
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Domingos Piedade, uma das mais importantes figuras da Fórmula 1 em Portugal, morreu este sábado no Hospital CUF de Cascais, vítima de cancro no pulmão. A notícia foi confirmada ao PÚBLICO por Carlos Barbosa, presidente do Automóvel Clube de Portugal (ACP).
Domingos Piedade, de 75 anos, foi manager e director desportivo de várias equipas de Fórmula 1, assim como comentador televisivo e administrador do Autódromo do Estoril. Além de vice-presidente da Mercedes AMG, Piedade foi gestor de carreira de Emerson Fittipaldi, e Michele Alboreto e amigo próximo dos pilotos Ayrton Senna e Michael Schumacher, que descobriu ainda nos karts.
“Era como se fosse um irmão para mim”, começa por dizer ao PÚBLICO Carlos Barbosa, com quem iniciou “a aventura do ACP”. “Era um homem respeitado e reconhecido internacionalmente como um grande profissional. Foi gestor de vários pilotos de Fórmula 1, tinha um coração enorme para toda a gente e vai-nos fazer muita falta.”
Os cinco melhores pilotos de F1
“O automobilismo português está de luto”, sublinhou o presidente da Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting (FPAK), Ni Amorim, em declarações à Agência Lusa. Era “uma figura incontornável do automobilismo português”, acrescentou.
Nascido em Lisboa, no bairro da Costa do Castelo, Domingos Piedade contou em 2013 ao Diário de Notícias que tinha 12 anos quando começou a revelar interesse por automóveis, depois de conhecer no colégio Nun'Álvares, em Tomar, José Carlos Botelho Moniz, filho de Júlio Botelho Moniz, que participava em corridas de automóveis. “Um dia fui com o Zé Carlos assistir a uma dessas corridas do pai, no circuito de rua de Cascais. Nessa altura fiquei a gostar de automóveis e a querer perceber um pouco de automobilismo. Mas foi mero acaso. Se o pai do Zé Carlos fosse um grande jogador de golfe, provavelmente eu teria escolhido o golfe”, contou na altura.
Questionado sobre quais considerava serem os cinco melhores pilotos de F1, Domingos Piedade respondeu: “Ayrton Senna, Emerson Fittipaldi, Schumacher, Jackie Stewart e Jim Clark. A ordem pode variar. Mas o primeiro da lista é sempre o Ayrton”.
Problemas com a justiça
O engenheiro português viveu durante 35 anos na Alemanha, onde completou os estudos universitários e se profissionalizou na indústria automóvel. “A primeira vez que fui a Le Mans foi no ano em que ganhou o Masten Gregory [1965] e eu ainda era estudante”, lembrou ao PÚBLICO em 2010. Piedade ganhou as 24 Horas Le Mans como chefe de equipa da Porsche e foi ainda director do Circuito do Estoril.
Em Maio deste ano, destacou, em entrevista ao Observador, o importante papel que desempenhou na introdução dos safety-cars na Fórmula 1: “Em 1984, no meu primeiro ano na AMG - o ramo desportivo da Mercedes, onde desempenhou o cargo de administrador -, levei o meu carro para safety-car num Grande Prémio. A partir daí, os safety-car fizeram sempre parte da F1. Assinámos um contrato em 1985. Hoje vale uns 15 milhões de euros por ano. Na altura, era zero. Hoje há um condutor oficial do safety-car, é o Bernd Maylander.”
Entre 2003 e 2012, presidiu ao conselho de administração da empresa Circuito do Estoril (CE), detentora do Autódromo do Estoril.
Em Julho de 2017, seria condenado a um ano de prisão, com pena suspensa, por abuso de poder, juntamente com Isabel Frazão, também ex-administradora da CE. Em causa neste processo estiveram alegadas irregularidades na gestão desta empresa, entre Junho de 2007 e Janeiro de 2013, como a utilização de cartões de crédito da empresa ao longo de vários anos para pagamento de despesas pessoais. Já este ano, viu-se envolvido numa outra investigação do Ministério Público ao negócio que envolveu a realização do Grande Prémio de MotoGP de 2012 no Autódromo do Estoril, e que pode ter lesado o Estado em cerca de seis milhões de euros.
Domingos Piedade era casado com a antiga apresentadora da RTP, Ana Paula Reis, e tinha dois filhos.
Numa publicação no Facebook, a Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting lamenta a morte de Domingos Piedade, “que muito fez pelo automobilismo nacional e internacional”.