Primeiro-ministro iraquiano vai demitir-se depois de quinta-feira sangrenta

No mais violento dos dias desde que os protestos contra o Governo começaram, foram mortas 50 pessoas – no dia em que Mahdi deu às Forças Armadas ordem para resolver os protestos.

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O primeiro-ministro iraquiano, Abdul Mahdi, vai apresentar a demissão no parlamento de Bagdad, na sequência do banho de sangue em Nassiriya e Najaf e das mortes nas manifestações contra o seu governo que duram desde o início de Julho.

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O primeiro-ministro iraquiano, Abdul Mahdi, vai apresentar a demissão no parlamento de Bagdad, na sequência do banho de sangue em Nassiriya e Najaf e das mortes nas manifestações contra o seu governo que duram desde o início de Julho.

A decisão, anunciada através de comunicado emitido esta sexta-feira, é também uma resposta ao apelo para que ocorra uma mudança de liderança feito pelo líder xiita iraquiano, o ayatollah Ali al-Sistani, diz a estação de televisão Al-Jazira.

Na quinta-feira, 50 pessoas foram mortas pelas forças de segurança no mais violento dia desde o início dos protestos, que eclodiram em Julho, baixaram de intensidade e voltaram às ruas de cidades de todo o país diariamente desde o início de Outubro.

Na origem dos protestos estão o desemprego, a corrupção generalizada da elite no poder, a inexistência de serviços públicos, sobretudo nas áreas da saúde e da educação, e a influência do Irão no país.

Na quinta-feira, foi anunciado que o Governo de Mahdi criara uma “célula de crise” nas Forças Armadas para lidar com os protestos. “Alguns comandantes militares foram nomeados para esta unidade com o objectivo de dirigirem e controlarem todas as forças se segurança e militares e assistirem o Governo na sua missão”, explicava uma nota das Forças Armadas citada pela BBC.

Em Najaf, os manifestantes atacaram o consulado iraniano. “Toda a polícia começou a disparar contra nós, como se estivéssemos a queimar o Iraque inteiro”, disse um manifestante à agência Reuters. Outra testemunha, Ali, descreveu o ataque ao consulado como “um acto corajoso e uma reacção do povo iraquiano”.