Dois fundadores do Chega saem e denunciam pressões
Jorge Castela, que saiu do partido em Março, enviou um email no qual refere milhares de assinaturas falsificadas.
Dez meses depois da constituição do Chega como partido, a revista Sábado revelou que dois dos seus fundadores se desvincularam, deixando denúncias de ilegalidades que estão a ser investigadas pelo Ministério Público, ainda sem arguidos. “Entre nós, ninguém nunca acreditou que o responsável por organizar e contar as assinaturas não tenha reparado que existem 300 páginas todas com a mesma caneta, a mesma letra e assinaturas todas parecidas”, afirmou Pedro Perestrello, um dos ex-fundadores e antigo candidato autárquico do PNR, à revista.
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Dez meses depois da constituição do Chega como partido, a revista Sábado revelou que dois dos seus fundadores se desvincularam, deixando denúncias de ilegalidades que estão a ser investigadas pelo Ministério Público, ainda sem arguidos. “Entre nós, ninguém nunca acreditou que o responsável por organizar e contar as assinaturas não tenha reparado que existem 300 páginas todas com a mesma caneta, a mesma letra e assinaturas todas parecidas”, afirmou Pedro Perestrello, um dos ex-fundadores e antigo candidato autárquico do PNR, à revista.
Jorge Castela, advogado e economista, que também se afastou do partido em Março deste ano, quando o caso chegou à justiça (partido assumiu as irregularidades detectadas e queixou-se da interferência de terceiros), enviou um email ao núcleo duro do movimento, no qual falava em “prática criminosa”, “dolo e negligência” e criticava o “secretismo” com que o processo de assinaturas havia sido conduzido por Nuno Afonso, hoje chefe de gabinete do deputado único do Chega.
“Estamos a falar de um lote de assinaturas em número superior a 1300, de fichas em que era manifesta e imediatamente perceptível tratarem-se de documentos falsificados e/ou contrafeitos”, lê-se na mensagem electrónica citada pela revista.
Recorde-se que o Chega entregou 8312 assinaturas, 1813 das quais não foram validadas pelo Tribunal Constitucional, o que obrigou a estrutura do então movimento a entregar mais 2223 (826 com problemas) nos dez dias seguintes.
Nuno Afonso rejeita responsabilidades nas falsificações e André Ventura defende-o. “Eu penso que, na altura, quem quisesse ver as assinaturas, o Nuno Afonso nunca iria recusar”, justificou o deputado, para quem é injusto responsabilizar apenas a pessoa na qual a tarefa foi centralizada. Já o seu chefe de gabinete, justificou-se à revista: “Houve muitas pessoas, do partido e fora dele, que saíram e recolheram assinaturas. Quem recolhia, preenchia as fichas, é normal que tenham a mesma caligrafia”.