Uruguai vira à direita com a vitória de Luis Lacalle Pou nas presidenciais
O candidato da Frente Ampla, Daniel Martínez, reconheceu a derrota. Presidente eleito já participa em reuniões para decidir o próximo Governo.
O próximo Presidente do Uruguai é Luis Lacalle Pou, do Partido Nacional. O Tribunal Eleitoral recontou os votos da segunda volta das presidenciais e a vitória do candidato de direita já é dada como certa. Chegaram ao fim 15 anos de governação da Frente Ampla e já se deram os primeiros passos na formação do próximo Governo.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O próximo Presidente do Uruguai é Luis Lacalle Pou, do Partido Nacional. O Tribunal Eleitoral recontou os votos da segunda volta das presidenciais e a vitória do candidato de direita já é dada como certa. Chegaram ao fim 15 anos de governação da Frente Ampla e já se deram os primeiros passos na formação do próximo Governo.
A diferença de votos entre Lacalle Pou e o candidato da Frente Ampla, Daniel Martínez, foi tão estreita nas eleições de domingo que o segundo recusou a reconhecer a derrota. A margem de vantagem do líder de direita superou o da esquerda em apenas 28 mil votos – uma diferença de 1,2% dos votos.
Agora, a vitória é certa. No entanto, o Tribunal Eleitoral apenas a confirmará, divulgando os resultados finais, no sábado, diz o El País Uruguai. O processo de transição de pastas governativas começa a 2 de Dezembro e Lacalle Pou toma posse a 1 de Março de 2020 para cumprir um mandato de cinco anos.
Para alcançar a vitória na segunda volta das presidenciais, Lacalle Pou agregou à sua volta outras formações de direita e extrema-direita, como o tradicionalista Partido Colorado e o Cabildo Abierto, liderado pelo general Guido Manini Ríos. Lacalle Pou é o terceiro elemento da sua família a converter-se em chefe de Estado do Uruguai, salienta o El Pais Uruguay.
Martínez reconheceu a derrota, cumprimentou o adversário e anunciou que se vai encontrar esta sexta-feira com Lacalle Pou. “Agradeço de coração àqueles que confiaram em nós com o seu voto”, reagiu no Twitter o candidato da Frente Ampla.
Por sua vez, Lacalle Pou reafirmou a sua vitória assim que soube dos resultados e agradeceu “a todos e a todas que por estes dias estão a defender os votos e a democracia em cada mesa de voto”.
Com este resultado eleitoral, o Uruguai junta-se a outros países da América Latina que viraram à direita depois da chamada “onda rosa”, na viragem do século XX para o XXI, quando governos de esquerda e centro-esquerda venceram eleições na região. Há 15 anos que a Frente Ampla governava ininterruptamente o país, aumentando o crescimento económico, apesar de no último ano ter diminuído.
O principal motivo de queixa dos uruguaios contra o último governo da Frente Ampla era o sentimento de insegurança. O Uruguai é visto como um dos países mais inseguros na América Latina, registando-se um aumento de 45% de homicídios entre 2017 e 2018. No ano passado, registou-se uma taxa de 8,7 de assassínios por cada 100 mil habitantes.
Governo em formação
Os votos ainda estavam a ser recontados quando Lacalle Lou começou a participar em reuniões para a formação do próximo Governo, diz o El Observador. A maioria das pastas ministeriais ainda estão a ser negociadas com os parceiros de coligação do Presidente eleito, mas já há um nome a ser dado quase como definitivo para o Ministério do Interior: o de Jorge Larrañaga, senador e líder do Aliança Nacional.
Tudo indica que a segurança pública vai ser uma das prioridades do próximo executivo. O senador não afastou a hipótese de integrar o executivo, limitando-se a dizer que os anúncios serão “feitos nos próximos dias” – o Presidente eleito já disse que apenas anuncia a composição do governo depois do anúncio formal da sua vitória pelo Tribunal Eleitoral.
Os restantes partidos da coligação encabeçada pelo Presidente eleito, entre os quais o partido de extrema-direita Cabildo Abierto, também poderão ter ministérios a seu cargo.