Nintendo? PlayStation? Xbox? Como comprar a consola certa nesta Black Friday
Há vários modelos no mercado, diferentes bibliotecas de jogos, serviços online distintos e muitas promoções. Escolher uma consola não é uma tarefa fácil – e a escolha certa para uns não o é para outros. Eis um guia com tudo o que convém ter em mente na hora de ir às compras.
Comprar uma consola de videojogos pode ser mais complicado do que chegar ao fim de alguns jogos. As promoções da Black Friday (uma tradição americana que chegou a Portugal) costumam ser mais amigas das carteiras de quem quer comprar produtos electrónicos. Contudo, as prateleiras de qualquer superfície comercial podem assemelhar-se a um labirinto – com algumas armadilhas.
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Comprar uma consola de videojogos pode ser mais complicado do que chegar ao fim de alguns jogos. As promoções da Black Friday (uma tradição americana que chegou a Portugal) costumam ser mais amigas das carteiras de quem quer comprar produtos electrónicos. Contudo, as prateleiras de qualquer superfície comercial podem assemelhar-se a um labirinto – com algumas armadilhas.
Há três concorrentes pelo dinheiro dos consumidores: a Sony com a PlayStation 4 e a PlayStation 4 Pro; a Microsoft com a Xbox One S e a Xbox One X; e a Nintendo com a Switch e a Switch Lite (mas ainda com a família de portáteis 3DS no mercado).
Antes de ver preços, importa perceber que consola tem a maioria dos amigos. Há listas de amigos em cada consola que permitem conversar e socializar online. Mais importante: emprestar um jogo só acontecerá entre quem tenha consolas compatíveis. Além disso, comprar uma consola é um acto associado à televisão que lhe fará companhia. E as despesas também não terminam na caixa registadora para quem queira aceder às componentes multijogador.
Este é um guia para ser lido antes de se iniciar a caça pelos melhores descontos; um guia para evitar ao máximo que o que deveria ser uma janela para mundos divertidos se transforme na constatação de que o barato saiu caro ou de que o caro foi um excesso.
- PlayStation, a escolha segura
- Xbox, o trunfo do Game Pass
- Nintendo Switch, a mais versátil
- Nova geração a caminho
- A mensalidade também conta
- Fora das três grandes
- Conclusões e trabalho de casa
PlayStation, a escolha segura
No mercado português, as consolas da Sony gozam de uma popularidade consagrada. São a aposta mais segura para quem esteja dependente das lojas físicas para a compra de consolas, videojogos, acessórios e serviços complementares. Estas consolas têm mais espaço no comércio tradicional e oferecem uma variedade maior nas prateleiras.
Tanto a PlayStation 4 como a mais potente PlayStation 4 Pro correm os mesmos videojogos e um extenso leque que só pode ser jogado nestas máquinas. God of War, diversos Uncharted, Gran Turismo Sport, Horizon Zero Dawn, The Last of Us (e The Last of Us: Parte II, em 2020), Bloodborne, Marvel's Spider-Man são todos excelentes exclusivos da PlayStation. Antes de chegar ao PC em 2020, Death Stranding só pode ser jogado na PlayStation 4 e Shenmue III está publicado apenas no PC e nas consolas da Sony.
As restantes plataformas têm os seus exclusivos, é verdade, mas é aconselhável que o comprador perceba os jogos que quer mesmo experimentar antes de comprar uma consola apenas pelo preço. Todas as consolas têm pelo menos dois ou três títulos que merecem ser jogados. Porém, a escolha tem impacto após essas semanas iniciais. É preciso olhar para o cômputo geral da qualidade dos jogos e a Sony conseguiu ao longo da vida útil da sua consola produzir uma oferta de qualidade e, não menos importante, diversificada.
E entre a PlayStation 4 e a PlayStation 4 Pro? O modelo mais poderoso é justificado sobretudo para quem tenha uma televisão com capacidades 4K e HDR, onde o grafismo se apresenta em todo o seu esplendor. Mas fica também a informação de que inúmeros jogos são beneficiados “nos bastidores” pelo poder do modelo mais avançado, ou seja, correm de forma mais suave e estável. Se a consola for para uma criança ou para jogadores casuais, o modelo Slim (mais barato e menos potente) é suficiente; mas o modelo Pro será sempre a escolha mais indicada a médio e longo prazo.
Uma opção associada ao hardware da Sony é a realidade virtual. Para quem esteja interessado em comprar o PlayStation VR durante este período, haverá duas opções com descontos nas lojas: o pacote inicial (preço oficial na Black Friday será de 199,99 euros) e o Mega Pack PlayStation VR (preço oficial na Black Friday será de 229,99 euros).
As duas opções incluem o hardware necessário (dispositivo e a PlayStation Camera). Contudo, por mais 30 euros, o Mega Pack inclui os videojogos The Elder Scrolls V: Skyrim VR, Astro Bot Rescue Mission, Resident Evil 7 e Everybody’s Golf. Ambos incluem o PlayStation VR Worlds. Não só os títulos são bons, como permitem vivências diversas na realidade virtual durante várias semanas. (Regressar ao índice)
Xbox, o trunfo do Game Pass
As consolas da Microsoft têm um excelente hardware, mas o catálogo neste momento não tem a força da PlayStation 4. Há excelentes exclusivos: os jogos Forza, especialmente Forza Horizon 4, Gears 5, Halo 5: Guardians e Sea of Thieves são todas propostas que merecem o tempo dos jogadores. Porém, a médio prazo é provável que estes sintam uma escassez de novidades.
É certo que a Microsoft abriu os cordões à bolsa, comprou estúdios e há inúmeros jogos a caminho. Mas a avaliação da qualidade só poderá ser feita aquando dos lançamentos. A Xbox One tem, contudo, outras qualidades: por exemplo, é retrocompatível com centenas de títulos publicados na Xbox e na Xbox 360. A escolha aumenta, portanto, mas obviamente são obras do passado. Comprar uma consola em 2019 tem de ser um acto consciente das novidades e da perspectiva que há do futuro.
Um dos maiores trunfos da Xbox é o serviço online Xbox Game Pass (a PlayStation 4 conta com o PlayStation Now, mas é um serviço que perde em comparação). São centenas de jogos disponibilizados mediante o pagamento de uma mensalidade de 9,99 euros. Os jogos desenvolvidos pela Microsoft – e não só – são adicionados ao serviço no dia de lançamento, ou seja, os excelentes exclusivos já mencionados podem ser jogados sem ser preciso comprá-los. É um serviço com um valor incrível para os jogos que oferece. Quem jogar apenas e só o que está no serviço tem diversão garantida – e tem um corte imenso nas despesas com jogos exclusivos e multiplataforma.
Por fim, a Xbox One X é a rainha do hardware, sendo descrita pela Microsoft como “a consola mais poderosa do mundo”. Tal como na PlayStation 4 Pro, os benefícios completos só serão sentidos por quem tiver um televisor 4K HDR, ainda que a performance seja melhor no modelo mais caro. Há ainda um terceiro modelo, a Xbox One S All-Digital Edition. É mais barata, mas não corre videojogos ou filmes em formato físico. (Regressar ao índice)
Nintendo Switch, a mais versátil
Há dois modelos da Switch: a consola original e uma versão mais recente chamada Switch Lite. O modelo original é o mais versátil, permitindo jogar com a consola ligada à televisão e também funcionando como consola portátil. O modelo Lite é mais barato, mas não pode ser ligado à televisão. Ou seja, é apenas uma consola portátil, que corre todos os videojogos do catálogo Switch que sejam compatíveis com o modo portátil (estão devidamente identificados com um símbolo na parte traseira da embalagem).
No modelo original é possível remover os comandos Joy-Con da consola e jogar em modo multijogador local sem a necessidade de se comprar um segundo comando. Na Lite, os comandos são integrados na consola. Isto significa que é preciso comprar Joy-Con adicionais para partilhar a diversão com outro jogador no mesmo local.
O foco da Lite é a portabilidade, sendo uma consola mais pequena e mais leve. Isto significa que o ecrã é também mais pequeno: 5,5 polegadas em vez das 6,2 polegadas do ecrã do modelo original. A bateria dura menos no modelo mais pequeno.
Na prática, o modelo original é mais versátil, pelo que é o modelo recomendado se o orçamento permitir. A versão Lite perde várias funcionalidades, mas permite aceder ao excelente catálogo que a Nintendo e várias produtoras foram publicando. A não ser que exista alguma obra Nintendo 3DS que o jogador queira muito (mas mesmo muito) jogar, a Lite é uma opção mais recomendada do que algum modelo 2DS ou 3DS.
O estigma de que as consolas Nintendo são para miúdos nunca fez sentido, contudo, há vários títulos que serão apreciados por um público mais jovem, sem que os adultos fiquem de fora: Super Mario Maker 2, Splatoon 2, The Legend of Zelda: Link's Awakening, Luigi's Mansion 3, Super Smash Bros. Ultimate, Mario Kart 8 Deluxe (versão melhorada da obra originalmente publicada na Wii U), Super Mario Odyssey, The Legend of Zelda: Breath of the Wild. Nesta lista de exclusivos estão alguns dos melhores jogos dos últimos anos. Pokémon Sword e Pokémon Shield chegaram ao mercado nas últimas semanas (e, sim, apenas podem ser jogados na Switch).
Para quem procura uma consola capaz de reproduzir os melhores gráficos, então a escolha será entre a PlayStation 4 Pro e a Xbox One X. No entanto, o departamento técnico da Switch, ainda que não seja assente em poder técnico, compensa com direcções artísticas que transportam qualquer um – independentemente da idade – para os mundos dos jogos. Os jogos desenvolvidos pela Nintendo mostram que o excelente momento que a Switch está a atravessar não é uma moda e não é sorte. Quem a comprar ficará satisfeito, desde que tenha orçamento para comprar os diferentes jogos e desde que o grupo de amigos não esteja todo numa plataforma rival. (Regressar ao índice)
Nova geração a caminho
Durante os próximos dias haverá descontos tentadores, mas a nova geração de consolas começa a dar sinais da sua graça. A PlayStation 5 e a sucessora da Xbox One (ainda conhecida pelo nome de código Project Scarlett) estarão no mercado na época festiva de 2020. Serão mais caras, claro, mas a sua chegada terá efeitos colaterais na geração actual. O foco da Sony e da Microsoft passará a ser as novas coqueluches, que serão mais poderosas do que a PlayStation 4 Pro e a Xbox One X. Durante o período de transição haverá títulos para as duas gerações. Mas será apenas uma questão de tempo a serem apenas as novas consolas a receberem os jogos mais cobiçados.
Haverá leitores que não querem ou não precisam de tecnologia de ponta. E a chegada da nova geração terá repercussões no preço dos modelos actuais, seja com possíveis cortes do preço oficial ou com promoções de loja para lidar com o stock existente. Claro que estar sempre à espera do derradeiro desconto ou da última novidade é um ciclo perpétuo, mas para quem estiver a pensar trocar uma PlayStation 4 original por uma PlayStation 4 Pro, ou uma Xbox One original por uma Xbox One X, talvez seja prudente aguentar a consola durante mais alguns meses e perceber o que a chegada da próxima geração pode significar. (Regressar ao índice)
A mensalidade também conta
Quem seja jogador há algum tempo certamente já o saberá, mas quem vai comprar uma consola para um amigo ou familiar inexperiente precisa de ter em mente que será necessário pagar para que a componente multijogador online dos jogos fique disponível. Isto é uma realidade independentemente da consola.
Na PlayStation 4 é preciso uma subscrição PlayStation Plus, na Xbox One é necessária uma subscrição Xbox Live Gold, e na Switch é preciso pagar por uma subscrição Nintendo Switch Online. Há várias modalidades de adesão, mas uma mensalidade custa 3,99 euros na Nintendo Switch Online, 6,99 euros na Xbox Live Gold e 8,99 euros na PlayStation Plus. Estes são os preços sem promoções e optando pela subscrição mais longa, na qual o valor a pagar por mês fica mais barato.
Em termos práticos, quem não estiver disposto a pagar estes valores depois de ter comprado a consola e o jogo, fica sujeito a jogar a obra sozinho ou no modo de multijogador local. Por outro lado, qualquer um dos serviços oferece diferentes jogos mensalmente que podem ser jogados enquanto a subscrição for válida.
Alguns videojogos, porém, são excepção. Para Fortnite (que se tornou um fenómeno global) não é preciso a assinatura do PlayStation Plus para aceder ao modo de multijogador online, que é a essência do jogo. Também não é preciso pagar o Nintendo Switch Online. Contudo, a versão para Xbox One precisa de uma subscrição Xbox Live Gold.
Há ainda a questão do armazenamento. Hoje em dia, os videojogos ocupam largos gigabytes no disco. No caso da PlayStation 4 e da Xbox One, o recomendado é um modelo com um terabyte (1TB) de armazenamento e não com 500 gigabytes (500GB). É sempre possível ligar discos externos e até substituir o disco incluído, mas será mais uma despesa e trabalho adicional. Na Switch, as consolas oferecem apenas 32GB de armazenamento, pelo que não demorará muito a ser necessário apagar jogos instalados ou comprar um cartão microSD. (Regressar ao índice)
Fora das três grandes
Há também serviços de videojogos fora dos ecossistemas da Sony, Nintendo ou Microsoft. Para quem está indeciso entre comprar uma consola ou um iPad, por exemplo, o tablet da Apple tem um novo trunfo na manga: o Apple Arcade.
A mensalidade é de 4,99 euros e os jogos já são mais de 100. São todos excelentes? Não. Contudo, há inúmeras obras que valem a pena, algumas das quais indicadas para um público mais jovem. E, surpreendentemente para jogos publicados em dispositivos móveis, alguns são longos e complexos, com princípio, meio e fim.
Com o Apple Arcade, o iPad não vai substituir uma consola tradicional – nem é esse o seu propósito. Jogos como Sayonara Wild Hearts, Grindstone, Shinsekai Into the Depths ou Manifold Garden deixam boas memórias num público mais maduro, e os mais jovens terão doses de entretenimento garantidas em LEGO Brawls ou Frogger in Toy Town, entre outros. E é também um serviço em crescimento, com títulos novos quase todas as semanas. Está também disponível no iPhone, Mac e Apple TV.
Já o Google está neste momento a dar os primeiros passos no streaming de videojogos com o Google Stadia, ainda não disponível em Portugal.
Para quem esteja a adiar a compra de uma consola tradicional para mergulhar no mundo do Stadia, convém esclarecer que o custo inicial do Stadia é menor (a Premiere Edition custa 129,99 euros em Espanha). Contudo, ao contrário de ser um “Netflix dos jogos”, mesmo mediante o pagamento de uma mensalidade (9,99 euros), cada jogo terá de ser comprado individualmente. Haverá uma opção sem mensalidade em 2020, mas a resolução dos jogos não irá além dos 1080p.
Se o Apple Arcade funciona como um excelente complemento em preço/qualidade à compra de um iPad ou iPhone, o Google Stadia neste momento não ameaça as consolas tradicionais – mesmo que chegue a Portugal num futuro próximo.
A Microsoft, por seu lado, já respondeu com o Project xCloud, que também vai permitir fazer streaming de jogos na Xbox – e em 2020 será possível fazer streaming das obras que fazem parte do Xbox Game Pass. A chegada a Portugal é para já uma incógnita. (Regressar ao índice)
Conclusões e trabalho de casa
O segredo para uma boa compra na Black Friday é o planeamento. No caso das consolas, antes de se olhar para os descontos, é imperativo conhecer o contexto. Uma consola para um público mais jovem? Uma Nintendo Switch. Uma consola portátil? Uma Nintendo Switch Lite. Uma consola com o melhor serviço pela quantidade e qualidade dos jogos? A Xbox One. Uma consola com excelente exclusivos e tranquilidade nas lojas tradicionais? Uma PlayStation 4.
Quem tiver a possibilidade de gastar mais, pode comprar os modelos mais poderosos: a PlayStation 4 Pro e a Xbox One X. No caso da Nintendo, a Switch original permite o melhor dos mundos portáteis e fixos.
Mas, sobretudo, é importante fazer o trabalho de casa: perceber quais os jogos – plural! – que se quer jogar e que consolas tem o círculo de amigos.
Pedro Martins é director do site VideoGamer Portugal