Mapas da Apple passam a mostrar Crimeia como parte da Rússia
Alteração foi anunciada esta quarta-feira pelo Parlamento russo e chega ao fim de meses de avisos de Moscovo. Anexação da Crimeia pela Rússia, em 2014, é “uma violação da lei internacional” para a União Europeia e para os Estados Unidos.
A empresa norte-americana Apple alterou as suas aplicações de mapas e de meteorologia para passarem a apresentar a Crimeia como território russo, cinco anos depois de a península ucraniana ter sido anexada pela Rússia.
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A empresa norte-americana Apple alterou as suas aplicações de mapas e de meteorologia para passarem a apresentar a Crimeia como território russo, cinco anos depois de a península ucraniana ter sido anexada pela Rússia.
A mudança foi anunciada no site da câmara baixa do Parlamento russo, esta quarta-feira, e ainda não foi comentada pela gigante tecnológica norte-americana.
“O representante da Apple informou a Comissão de Segurança e Anti-corrupção de que foi finalmente corrigida a imprecisão nas aplicações Mapas e Tempo, que não mostravam a República da Crimeia e a cidade de Sebastopol como território da Federação Russa”, diz o comunicado da Duma.
A península da Crimeia foi anexada pela Rússia em Março de 2014, na sequência da revolução na Ucrânia que levou ao afastamento entre os dois países.
Em Abril do mesmo ano, a região ucraniana do Donbass, na fronteira com a Rússia, mergulhou numa guerra entre os combatentes pró-russos que querem a independência de Kiev e o Exército da Ucrânia.
Os combates dos últimos cinco anos fizeram mais de 13 mil mortos, três mil deles entre a população civil, e criaram um fosso político entre a Rússia e um bloco liderado pelos Estados Unidos e a União Europeia.
A invasão da Crimeia levou norte-americanos e europeus a aplicarem sanções contra a economia e os mercados financeiros da Rússia, que se mantêm em vigor até hoje.
Num comunicado publicado em Junho em que anunciou a extensão das sanções até Junho de 2020, o Conselho Europeu reafirmou que a União Europeia “mantém-se firme no seu compromisso com a soberania e integridade territorial da Ucrânia” sobre a península da Crimeia e “continua a condenar esta violação da lei internacional”.
Google “cumpriu exigência de Moscovo"
A decisão da Apple surge ao fim de meses de pressão por parte de Moscovo sobre a empresa norte-americana e sobre outra gigante tecnológica, a Google, para que a península da Crimeia passe a ser referenciada como parte da Rússia.
A mudança só é visível para quem usa as aplicações a partir do território russo, confirmou a BBC; no resto do mundo, as pesquisas por Crimeia mostram o território sem qualquer indicação do país de que faz parte – nem a Ucrânia, nem a Rússia.
Os mapas da Apple e da Google mostram uma linha divisória entre a Crimeia e a Ucrânia, indicando uma separação entre os dois territórios. E a aplicação da Google, quando usada a partir do território russo, apresenta as cidades da Crimeia escritas em russo.
Em Maio, a agência de notícias russa TASS noticiou que a Apple garantira ao Parlamento russo que a “incorrecção” iria ser corrigida, depois de uma primeira exigência nesse sentido, feita em Abril.
“Apontámos para a discriminação contra cidades da Crimeia e para o facto de elas fazerem parte do nosso país. A Apple prometeu corrigir e a situação”, disse na altura Leonid Levin, presidente da Comissão de Tecnologias de Informação e Comunicações da Duma.
Em Junho, a câmara baixa do Parlamento russo anunciou que também a Google tinha “cumprido a exigência de Moscovo de que a Crimeia fosse apresentada aos utilizadores russos como território da Rússia, e não da Ucrânia”.
Com essa decisão, a empresa norte-americana ficava livre de um processo por “violação da lei federal que protege as regras estabelecidas para o uso de nomes dos objectos geográficos”.