Governo aponta para aumentos salariais no privado de 2,7% em 2020
UGT defende um referencial de aumento entre 3% e 4% para a negociação colectiva, enquanto a CGTP está contra a definição de um referencial, porque levará a uma “cartelização” salarial.
O Governo defendeu esta quarta-feira que os parceiros sociais devem chegar a um compromisso para que os aumentos salariais no sector privado fiquem acima da inflação e da produtividade, apontando para 2,7% no próximo ano.
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O Governo defendeu esta quarta-feira que os parceiros sociais devem chegar a um compromisso para que os aumentos salariais no sector privado fiquem acima da inflação e da produtividade, apontando para 2,7% no próximo ano.
Segundo um documento distribuído na Concertação Social, o Governo sublinha que a manutenção do poder de compra e os ganhos de produtividade estimados “requerem aumentos anuais dos salários nominais até 3,2% em 2023”.
As previsões actuais “apontam para crescimentos salariais ligeiramente acima do crescimento da inflação e da produtividade”, destaca o executivo, com o Governo a apontar para valores de 2,7% para 2020, de 2,9% para 2021 e 2022 e de 3,2% para 2023.
Por sua vez, à entrada da reunião da Concertação Social, o líder da UGT, Carlos Silva, defendeu um referencial de aumento entre 3% e 4% para a negociação colectiva, enquanto o dirigente da CGTP, Arménio Carlos, voltou a dizer que está contra a definição de um referencial por considerar que levará a uma “cartelização” salarial.
“Aquilo que desejamos é que os salários em Portugal possam crescer acima daquilo que é a soma da inflação e da produtividade para podermos caminhar para uma mais justa repartição dos salários no Produto Interno Bruto”, afirmou Pedro Siza Vieira à entrada da reunião da Concertação Social, em Lisboa, sobre o acordo global e rendimentos e competitividade.
“Queremos ter um compromisso, de em sede de negociação colectiva, em cada sector, quase em cada empresa, possamos caminhar no sentido de uma valorização dos salários”, acrescentou o governante.
A ideia é, segundo explicou, um consenso entre centrais sindicais e confederações patronais para que na negociação colectiva “e com a liberdade que ela oferece às empresas e aos sindicatos, poder haver uma valorização maior dos salários acima da tendência que tem havido nos últimos tempos”.
Por outro lado, Siza Vieira defendeu que, para isso, é necessário criar condições para que as empresas possam ser mais competitivas e para aumentar a produtividade em todos os sectores. “Temos de trabalhar por vários segmentos e de uma forma bastante articulada”, adiantou o ministro da Economia.
Segundo Siza Vieira, várias componentes fazem parte desta equação, nomeadamente o crescimento dos “salários médios e medianos” com vista a valorizar os trabalhadores mais qualificados, sobretudo os mais jovens, mas também medidas de âmbito “não salarial”.
O ministro recusou que estejam em cima da mesa medidas para compensar as empresas pelos aumentos dos salários, defendendo que se trata antes de “criar condições para que a produtividade em Portugal cresça mais significativamente do que tem crescido nos últimos anos”.
“Precisamos de aumentar o investimento e de ter políticas públicas de apoio ao investimento, seja com instrumentos de financiamento público seja através da fiscalidade dirigida às empresas”, afirmou o governante.
Siza Vieira disse ainda que é preciso “apoiar e investir bastante na formação” de activos e em “políticas de inovação”, bem como “reduzir os custos de contexto das empresas”.
Na reunião da Concertação Social estão, além do ministro Siza Vieira, a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, a ministra da Agricultura, Maria do Céu Albuquerque, o secretário de Estado Adjunto e da Economia, João Neves, o secretário de Estado Adjunto, do Trabalho e da Formação Profissional, Miguel Cabrita, e o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, António Mendonça Mendes.