Uma revista que ajudou a construir a arquitectura portuguesa
Portal Revista de Ideias e Cultura disponibiliza a colecção completa de A Construção Moderna (1900-1919). O lançamento é esta quarta-feira na Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa.
Na capa, destacavam-se os desenhos do projecto que o então “jovem, talentoso, simpático e perseverante” Miguel Ventura Terra (1866-1919) fizera para a “Casa do Ex.mo Sr. D. Luiz de Castro, na Rua do Prior, em Lisboa”. E assim A Construção Moderna, a novel publicação lançada no dia 1 de Fevereiro de 1900, dizia logo ao que vinha: “Preencher uma lacuna existente no nosso meio literário e artístico, suprindo (…) uma falta sensível para aqueles que querem progredir pelo estudo e acompanhar a marcha incessantemente progressiva dos melhoramentos na construção civil, que tão extraordinariamente se manifestam sob todas as formas”, lia-se no editorial.
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Na capa, destacavam-se os desenhos do projecto que o então “jovem, talentoso, simpático e perseverante” Miguel Ventura Terra (1866-1919) fizera para a “Casa do Ex.mo Sr. D. Luiz de Castro, na Rua do Prior, em Lisboa”. E assim A Construção Moderna, a novel publicação lançada no dia 1 de Fevereiro de 1900, dizia logo ao que vinha: “Preencher uma lacuna existente no nosso meio literário e artístico, suprindo (…) uma falta sensível para aqueles que querem progredir pelo estudo e acompanhar a marcha incessantemente progressiva dos melhoramentos na construção civil, que tão extraordinariamente se manifestam sob todas as formas”, lia-se no editorial.
A história e a colecção completa desta revista que durou 542 números, publicados ao ritmo quinzenal, e depois trimensal, até Julho de 1919, estão desde agora disponíveis no portal Revistas de Ideias e Cultura (RIC), à atenção dos historiadores, investigadores e demais interessados na arquitectura portuguesa do início do século XX.
A apresentação do website da revista realiza-se esta quarta-feira, às 14h30, na Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa, com a presença dos editores, do arquitecto Michel Toussaint e do historiador de arte Paulo Pereira, que farão o seu enquadramento disciplinar e histórico.
Depois de em Março do ano passado ter colocado online as principais revistas históricas do movimento anarco-sindicalista português, a somar às muitas publicações culturais já digitalizadas, o RIC vira-se agora para uma área nova, a construção, a arquitectura e o urbanismo. Porque A Construção Moderna “é muito mais do que só arquitectura, é uma revista de cultura no sentido mais amplo, fala sobre a transformação moderna das cidades, as artes decorativas, a Primeira República, além de conter referências ao urbanismo e à arte nova”, explica ao PÚBLICO Luís Andrade, o editor do RIC.
A Construção Moderna surge no dealbar do século XX, tempos de crença positivista na cidade moderna. É uma revista especializada nas áreas da construção e da arquitectura, por esta ordem, já que, à época, esta disciplina surgia depois da engenharia e da construção, e também do próprio proprietário da obra. “Na apresentação dos projectos é genericamente dada mais relevância ao proprietário do que ao arquitecto. Mas (…) o arquitecto é aquele que se destaca pela autoria e definição da arquitectura, que se expressa nos subtítulos de descrição, distribuição e construção”, escreve Sofia Aleixo, curadora deste projecto do RIC, na apresentação do site.
A Construção Moderna teve como editores José Mello de Mattos (1856-1915), um engenheiro nascido no Porto que foi um visionário da cidade nova, “inventando”, em sucessivos artigos publicados na Ilustração Portuguesa em 1906, a “Lisboa no ano 2000”, com metro e uma ligação por túnel ao Seixal; e o arquitecto nascido no Minho Rosendo Carvalheira (1861-1919), que fez a sua carreira em volta da capital. Ao longo de 19 anos, publicaram 523 edições (equivalentes a 542 números), reunindo 5060 artigos que abordaram a variedade de temas atrás referidos. A principal mais-valia da iniciativa do RIC, realça Luís Andrade, professor de Filosofia da Universidade Nova de Lisboa (UNL), é disponibilizar “a colecção completa do título”, algo que, ao que diz saber, “nem sequer existe na Biblioteca Nacional”.
Os números d’A Construção Moderna foram reunidos a partir dos arquivos do Instituto Superior Técnico e do Museu da Marinha, tendo-lhes sido também acrescentados os da revista As Artes do Metal, que a dada altura passou a sair também com a publicação original. “Outros pontos fortes da publicação no nosso portal”, acrescenta Luís Andrade, “são as imagens, a iconografia e os índices que lhe estão associados”, permitindo ao leitor consultar a revista a partir de entradas por autores, temas, materiais, tipologia, lugares, etc…
A esta informação, o portal – que para este projecto conta com a parceria da UNL, da BN e da Fundação Mário Soares – irá também acrescentar, por exemplo, o texto das intervenções que Michel Toussaint e Paulo Pereira farão esta quarta-feira na FAUL.