Pode o país celebrar a cultura científica e tecnológica?
A 24 de Novembro, o dia de aniversário de Rómulo de Carvalho instituído como o Dia Nacional da Cultura Científica, segue-se uma semana de comemorações.
Era domingo no dia 24 de Novembro de 1996. Rómulo de Carvalho celebrava 90 anos e o ministro José Mariano Gago oferecia-lhe uma prenda de aniversário: o Dia Nacional da Cultura Científica. E escrevia então no Jornal de Letras: “Hoje [que] é, mais que nunca, imperioso lutar por uma cultura científica viva e crítica, estudiosa, partilhável e disponível, fonte de cidadania e de libertação.”
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Era domingo no dia 24 de Novembro de 1996. Rómulo de Carvalho celebrava 90 anos e o ministro José Mariano Gago oferecia-lhe uma prenda de aniversário: o Dia Nacional da Cultura Científica. E escrevia então no Jornal de Letras: “Hoje [que] é, mais que nunca, imperioso lutar por uma cultura científica viva e crítica, estudiosa, partilhável e disponível, fonte de cidadania e de libertação.”
Ontem também foi domingo e demos início às comemorações da Semana da Ciência e da Tecnologia 2019.
Portugal tem, desde há mais de duas décadas, um programa audacioso de cultura científica, aberto à discussão de problemas e longe de verdades rectangulares – como sempre nos dizia Mariano Gago. A ciência é para a sociedade e deve estar aberta a todos, numa atitude que nada tem a ver com centralismo. Portugal é um exemplo e um estudo de caso nesta matéria.
Pode ser a Ciência Viva quem assina este artigo, mas é um vasto conjunto de pessoas e instituições que faz viva a política de ação nacional e internacional, com iniciativas abertas e integradoras. As parcerias permanentes com universidades e institutos politécnicos, com instituições científicas, com escolas, com autarquias e empresas são a chave para resultados de qualidade.
Também o debate público, sempre vivo e variado, levado a cabo em todo o país por muitas instituições e dirigido a muitos públicos, contribui largamente para um intenso trabalho colaborativo.
O sistema científico nacional cresceu muito nos últimos 20 anos e a cultura científica também cresceu e acompanhou este desenvolvimento. Hoje há muitos Ciências Vivas pelo país. E também muitas pessoas e instituições que vivem de igual forma o gosto pela ciência e contribuem de muitas formas para o seu enraizamento na sociedade. Por isso dizemos que o país pode (e deve) celebrar a cultura científica.
Tem vindo a ser reforçado o propósito de novembro ser o mês da cultura científica no nosso país. A Fundação Francisco Manuel dos Santos também tem tido, nos últimos anos, uma notável programação nesse sentido e a verdade é que novembro se estende por todo o ano tal é a presença de inúmeras iniciativas que, em todo o país, dão sentido à promoção da ciência. São universidades, institutos politécnicos, escolas, autarquias, associações de toda a ordem, museus e centros de ciência que programam ciência para todos. Mas há ainda muito a fazer. É preciso permanecer nos lugares cimeiros de partida e manter a corrida nas vias da estabilidade e do progresso.
E os museus, falando de um modo geral, sem qualquer distinção, são os grandes promotores de cultura e precisam cada vez mais que os poderes tenham confiança nos seus profissionais. As boas regras de gestão recomendam autonomia nos processos e responsabilidade nos resultados, por isso é urgente dotá-los de capacidade e financiamento, seja qual for a tutela ou a rede a que pertencem. Não se pode esperar que a cultura se harmonize com a economia se tal não acontecer. E é interessante que a Direção Geral de Investigação e Inovação, na Comissão Europeia, tenha um director geral da Prosperidade. Sendo certo que prosperidade não é só uma questão de dinheiro, o quadro comunitário Portugal 2030 deve apostar no desenvolvimento de riqueza para o país: promover a igualdade desfazendo assimetrias no acesso aos bens e ao conhecimento.
O conhecimento e a inovação crescem com a cultura e esta cresce com as instituições que a promovem. E queremos e precisamos de muitas porque todos somos poucos para fazer o muito que há para fazer.
E hoje não é dia de falar dos frigoríficos da cultura científica, daqueles que não se dão bem com o sucesso partilhado e teimam em não apagar as velas dos aniversários e das celebrações. Mas todos são sempre convidados para, continuamente, desenvolver actividades, propor iniciativas, trabalhar para a diversidade e inclusão social, científica e de grande acesso ao conhecimento.
Todos são Ciência Viva sem perderem a identidade e a autoria dos seus programas.
Mas lembremos que os frigoríficos são também a grande invenção científica e tecnológica do século XX e neles refrescamos a água, ou o champanhe, com que brindamos à cultura científica! Viva!
A autora escreve segundo o novo Acordo Ortográfico