Macedo diz que CGD não será “uma nêspera”

O presidente da CGD considera que há a expectativa de o banco público ficar “sossegado, quieto”, mas que a sua equipa não é paga para “ficar a ver navios” e quer pagar o capital injectado pelo Estado.

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Nuno Ferreira Monteiro

“Toda a gente tem a expectativa de que a Caixa [Geral de Depósitos] esteja sossegada, quieta, ir na onda e não resistir”, disse Paulo Macedo na Money Conference, em Lisboa, acrescentado que, perante a expectativa que já tinha de perguntas relacionada com os encargos cobrados pela CGD, decidiu trazer à conferência uma história de Mário Henrique Leiria de modo a explicar o que o banco público não será, uma “nêspera”.

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“Toda a gente tem a expectativa de que a Caixa [Geral de Depósitos] esteja sossegada, quieta, ir na onda e não resistir”, disse Paulo Macedo na Money Conference, em Lisboa, acrescentado que, perante a expectativa que já tinha de perguntas relacionada com os encargos cobrados pela CGD, decidiu trazer à conferência uma história de Mário Henrique Leiria de modo a explicar o que o banco público não será, uma “nêspera”.

“'Uma nêspera estava na cama/ deitada/ muito calada/ a ver/ o que acontecia/ chegou a Velha/ e disse/ olha uma nêspera/ e zás comeu-a/ é o que acontece/ às nêsperas/ que ficam deitadas/ caladas/ a esperar/ o que acontece’. A Caixa não será uma nêspera”, afirmou, perante as gargalhadas da plateia.

Segundo Macedo, a CGD quer “remunerar e devolver o dinheiro aos contribuintes”, que injectaram dinheiro no banco público para o recapitalizar, e a “Caixa não tem gestores pagos para ver navios”.

Sobre este tema, o governador do Banco de Portugal disse, por seu turno, que os bancos têm de assegurar que cobram preços justos pelos serviços que prestam e que não haja clientes a pagarem um preço abaixo do que deveriam e outros acima para compensar.

“A conta de exploração de um sistema bancário tem custos que têm de ser cobertos, a questão é se o pricing reflecte o serviço prestado ou se há subsidiação cruzada com agentes económicos a pagarem mais do que deviam e outros a pagarem menos”, afirmou Carlos Costa, na mesma conferência.

Segundo o responsável máximo do supervisor e regulador bancário, “cabe ao sistema bancário assegurar a transparência e um pricing adequado ao serviço que presta”.

O aumento das comissões pelos bancos é um tema que tem sido muito falado no sector bancário, com os bancos a tentarem compensar por esta via perdas noutras receitas, como na margem financeira (diferença entre juros pagos nos depósitos e recebidos no crédito).

Especialmente polémico tem sido o aumento das comissões bancárias pela Caixa Geral de Depósitos (CGD). Em 9 de Novembro, o presidente executivo, Paulo Macedo, considerou “populismo” o tema das comissões no banco público e referiu que a CGD está mesmo “muito aquém nas comissões, muito aquém” quanto às metas de receitas nesta rubrica definidas no plano estratégico.

As comissões cobradas pelos bancos são referentes a comissões relacionadas com a actividade de retalho (por exemplo, gestão de conta ou crédito), mas também comissões associadas a operações em mercado de capitais (por exemplo, gestão de investimentos em instrumentos financeiros).

Segundo a definição do Banco de Portugal (BdP), que consta do relatório Séries Longas para o Sistema Bancário Português, divulgado esta semana, “designa-se por subsidiação cruzada o facto de certos serviços prestados por uma determinada empresa apresentarem um preço que não reflecte o respectivo custo, o que é compensado em termos de geração de receitas pela cobrança de preços com elevada margem noutro serviço”, considerando que “esta situação só é possível de sustentar em mercados com reduzido nível de concorrência”.