Secretário de Estado diz que sector do cinema e audiovisual não precisa de uma revolução
Nuno Artur Silva defende que linha de financiamento “é a possível com o dinheiro que existe” e defende sinergias com autarquias e privados.
O secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Media, Nuno Artur Silva, afirmou hoje à agência Lusa que “não é necessário uma revolução” no sector, mas uma estratégia para o desenvolver.
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O secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Media, Nuno Artur Silva, afirmou hoje à agência Lusa que “não é necessário uma revolução” no sector, mas uma estratégia para o desenvolver.
À margem da abertura oficial da conferência da organização Europa Cinemas, esta sexta-feira em Lisboa, Nuno Artur Silva disse que a criação de uma Secretaria de Estado “pode trazer a importância do Cinema, Audiovisual e dos Media para um patamar diferente, mais político, mais estratégico”.
“Estamos a viver, em termos de cinema, um dos melhores anos... Ninguém diria que o ano zero tinha sido há tão pouco tempo [2012, quando não abriram os concursos de apoio financeiro]. Encontro a área com sinais muito positivos, não só do ponto de vista dos filmes que estão em exibição, como do ponto de vista da estabilidade das instituições que estão a trabalhar. Não é necessário uma revolução, nem alteração do que existe. O que é necessário é, a partir do que existe, desenvolver”, disse.
No caso do panorama da exibição de cinema em Portugal, o secretário de Estado disse, na abertura da conferência, que será “determinante envolver Governo, municípios, entidades privadas” no esforço de “modernização e digitalização” de recintos que possam exibir cinema, incluindo escolas e cineclubes.
No debate ocorrido de manhã, antes da abertura oficial e que foi dedicado ao cinema português, vários programadores, distribuidores e exibidores apontaram fragilidades da exibição independente de cinema, por falta de financiamento e de estratégia. No entender de Nuno Artur Silva, a linha de financiamento ao sector que existe no Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA) “é a possível com o dinheiro que existe”.
“Vai ser fundamental sensibilizar não só o poder central em todas as suas frentes, mas o poder local, autárquico — só será possível de fazer com linhas de apoios diversificadas que não se esgotam nas linhas do Ministério da Cultura. É preciso pôr todo o sector a funcionar com o máximo de sinergias e de rede”, disse.
Justificando que está ainda há pouco tempo em funções, Nuno Artur Silva não quis concretizar qualquer medida sobre o próximo plano estratégico para o sector, uma vez que a vigência do anterior plano terminou em 2018.
Questionado sobre o papel do ICA na nova estrutura da tutela da Cultura, o secretário de Estado rejeitou a ideia de esvaziamento de importância: “Mantém-se e deve ser reforçado na sua capacidade. O ICA é um instrumento fundamental de intervenção no sector”.
A Europa Cinemas, fundada em 1992 com o apoio da Comissão Europeia, é uma rede europeia de exibição de cinema presente em vários países — em Portugal tem oito salas aderentes — e um dos objetivos é a promoção da circulação e exibição da produção cinematográfica europeia. “Se não queremos que o cinema independente desapareça, é preciso procurar formas criativas de meter o cinema no centro das atenções. [...] O cinema é o que está mais próximo dos cidadãos”, disse o presidente do Europa Cinemas, Nico Simon, na abertura da conferência, que termina no domingo.