“A crise da comunicação social começa a atingir a democracia”, afirma Marcelo
Na apresentação do PSuperior, o Presidente da República afirmou esperar que, no próximo Orçamento do Estado, o Parlamento aprove medidas de incentivo às empresas do sector, como a facilitação de acesso a assinaturas digitais.
A apresentação do PSuperior, um projecto do PÚBLICO em parceria com nove empresas para oferecer assinaturas digitais deste diário a finalistas universitários, foi o pretexto para o Presidente da República voltar ao tema da crise da comunicação social e apelar aos “poderes públicos” para que tomem medidas que possam ajudar o sector.
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A apresentação do PSuperior, um projecto do PÚBLICO em parceria com nove empresas para oferecer assinaturas digitais deste diário a finalistas universitários, foi o pretexto para o Presidente da República voltar ao tema da crise da comunicação social e apelar aos “poderes públicos” para que tomem medidas que possam ajudar o sector.
“É preciso haver um conjunto de iniciativas”, disse Marcelo Rebelo de Sousa à margem da cerimónia. “Esta é a primeira iniciativa, mas há outras possíveis. E há uma parte de responsabilidade dos poderes públicos, que têm de criar condições para iniciativas como esta, que é dos privados, poder ser feita por entidades públicas, como noutros países”, disse, dando o exemplo do Canadá.
Para o chefe de Estado, “não podemos é ter a situação em que, de ano para ano, vai fechando um jornal, uma rádio, um grupo de comunicação social, porque isso começa a atingir a democracia portuguesa”.
Na cerimónia, já tinha assinalado que, numa democracia, “é fundamental garantir certos valores básicos como a qualidade da informação”. “Há sociedades que têm um altíssimo nível científico mas não são democráticos. Sem vivência democrática passa a ser uma tecnocracia altamente sofisticada mas não democrática”, frisou.
Marcelo Rebelo de Sousa já tinha apontado a situação da comunicação social como crítica antes das eleições legislativas, mas compreende que, em contexto eleitoral, não tivesse havido nenhuma iniciativa do Estado. Agora que começa uma nova legislatura, expressou um desejo claro: “Espero que, no Orçamento para o ano que vem, o parlamento possa ponderar a aprovação de propostas que já chegaram de associações de imprensa”.
O que é preciso, sublinhou, “é garantir que é de uma forma geral e abstracta, que não há favores nem privilégios, que não é comprar a fidelidade política nem é uma forma de limitar a liberdade de imprensa, pelo contrário, é uma forma de promover a liberdade de imprensa”.
Na cerimónia, o ministro Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, elogiou a iniciativa do PSuperior como um “esforço colectivo para trazer a sociedade civil para um projecto de educação para a cidadania e pela cidadania”, através do PÚBLICO.
António Fontainhas Fernandes, presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, enalteceu a iniciativa a que se associou, considerando tratar-se do “início de uma caminhada para melhorar hábitos de leitura, combater as fake news e aprofundar a ligação dos jovens a causas sociais e à democracia”.
Manuel Carvalho, director do PÚBLICO, sublinhou os dois objectivos do PSuperior: “Encontrar um factor de sustentabilidade da imprensa e propiciar a milhares de jovens universitários a possibilidade de acederem à leitura integral do PÚBLICO através de uma assinatura”.
Por seu lado, a administradora do PÚBLICO, Cristina Soares, sublinhou a “confluência das boas vontades” que foi possível para concretizar o projecto e agradeceu “o apoio de todos à causa da literacia mediática”.