Justiça tailandesa retira mandato de deputado a um dos principais líderes da oposição
Tribunal Constitucional considerou que Thanathorn Juangroongruangkit, líder do partido que mais galvaniza os eleitores jovens e que é contra a presença dos militares na política, violou a lei eleitoral.
O Tribunal Constitucional da Tailândia retirou esta quarta-feira o mandato de deputado a um dos líderes da oposição, Thanathorn Juangroongruangkit, considerando que violou a lei eleitoral. Pode ser banido da política e preso por dez anos.
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O Tribunal Constitucional da Tailândia retirou esta quarta-feira o mandato de deputado a um dos líderes da oposição, Thanathorn Juangroongruangkit, considerando que violou a lei eleitoral. Pode ser banido da política e preso por dez anos.
Thanathorn, um multi-milionário de 40 anos, é o líder do Partido do Futuro, tendo emergido como o principal opositor do governo chefiado pelo antigo presidente da Junta Militar, Prayuth Chan-ocha, depois do seu jovem partido ter ficado em terceiro nas eleições de Março.
O Tribunal considerou Thanathorn culpado por ter mantido na sua posse acções de uma empresa de comunicação social depois de ter registado a sua candidatura às eleições que, formalmente, puseram fim a cinco anos de governo da Junta Militar.
Thanathorn negou as acusações, dizendo, repetidas vezes, que as suas 675 mil acções da V-Luck Media foram vendidas à sua mãe no dia 8 de Janeiro, semanas antes de se ter registado. O Tribunal Constitucional, porém, argumentou que não há “provas oficiais” da transacção.
O novo rosto da oposição é um crítico feroz do envolvimento do Exército na política e o Partido do Futuro teve grande aceitação entre os eleitores mais jovens. Nas eleições, o partido pró-militar foi declarado vencedor, depois de um escrutínio envolto em polémica.
“O Partido do Futuro é uma viagem... todos nós vamos continuar a lutar para o manter o movimento e para o fazer avançar”, disse Thanathorn à porta do Tribunal Constitucional, agradecendo aos apoiantes.
O Partido do Futuro faz parte da aliança da oposição que contestou a contagem dos votos e acusou o Exército de ter reescrito as regras eleitorais para garantir que Prayuth, que passou à vida civil, se mantinha no cargo de primeiro-ministro.
O partido defende reformas na hierarquia de comando do aparelho militar e, em Outubro, 70 dos seus deputados votaram contra um decreto que transferiu duas importantes unidades do Exército para o comando directo do rei Maha Vajiralongkorn - foi uma rara posição política contra a monarquia num país onde o rei é venerado; o decreto foi aprovado por larga maioria.
O partido de Thanathorn conseguiu 80 dos 500 lugares da câmara baixa do Parlamento tailandês. O líder enfrenta mais duas acusações, uma por “crime cometido por computador”, por no ano passado ter publicado numa rede social um discurso a criticar a Junta, outra por sedição em que é acusado de ter ajudado as manifestações de 2015 contra a Junta Militar.
Ao ter perdido o mandato, o líder do Partido do Futuro pode ser acusado do crime em tribunal, arriscando ser banido da política e preso durante dez anos.