PSD pede esclarecimentos à Câmara de Leiria sobre construção de muro em bairro social
Câmara diz que muro “não isola” os moradores. Deputada socialista que apresentou um relatório parlamentar sobre o racismo já disse que irá visitar o lugar.
Os deputados do PSD eleitos pelo círculo de Leiria na Assembleia da República pediram esta quarta-feira esclarecimentos à Câmara local sobre a construção de um muro no bairro social da Integração.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Os deputados do PSD eleitos pelo círculo de Leiria na Assembleia da República pediram esta quarta-feira esclarecimentos à Câmara local sobre a construção de um muro no bairro social da Integração.
Os deputados questionam o Município liderado por Gonçalo Lopes (PS) sobre as “razões que motivaram a construção de um muro de dois metros a delimitar o bairro social da Integração”, se as “necessidades de definição de limites do terreno não seriam asseguradas através de outras formas ou soluções mais inclusivas” e “de que forma se compatibiliza a circunstância de se tratar de um bairro social de integração e, simultaneamente, estar este bairro delimitado e separado da comunidade, num consequente ato de pura segregação”.
Citada na nota de imprensa, a deputada do PSD, Margarida Balseiro Lopes, eleita por Leiria, considera que “esta parece ser uma situação absolutamente contrária ao objectivo de integração que a autarquia deveria prosseguir”.
“A construção de um muro de 2 metros que isola uma comunidade não é aceitável, tanto mais que as justificações avançadas pela Autarquia leiriense parecem querer disfarçar uma inegável segregação social. A era dos muros que tanto tem sido criticada noutras geografias do mundo parece ter sido adoptada pela Câmara de Leiria”, rematou.
Numa nota de imprensa de esclarecimento à notícia avançada esta quarta-feira pelo Jornal de Notícias sobre este assunto, o Município esclareceu que o “muro estabelece protecção em relação ao terreno florestal, nomeadamente face ao risco e histórico de incêndios florestais naquela zona, o que evidencia a necessidade de oferecer maior segurança e protecção, tendo-se optado pela solução existente”.
Considerando que o “muro não isola pessoas”, a Câmara sublinha que “não existem vivendas do outro lado do muro”, mas sim “um terreno baldio florestal, que não oferece condições de segurança”.
“A construção do muro constituía uma obrigatoriedade da candidatura ao PEDU [Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano]” e “existe apenas numa lateral e no tardoz do Bairro da Integração, pelo que não isola”, acrescenta a nota da Câmara, ao revelar que fez um investimento superior a meio milhão de euros “para oferecer condições dignas de vida aos moradores, que antes não tinham”.
Catarina Marcelino irá visitar local
Ao jornal Expresso, Catarina Marcelino, deputada do PS e relatora do relatório parlamentar sobre racismo disse que já falou com a vereadora da autarquia socialista e que irá visitar o lugar. “O objectivo é visitar o terreno para ver como as condições podem ser melhoradas”, declarou. “Os muros são sempre factor de exclusão” e por isso “não devem existir”, acrescentou a deputada socialista. Apesar de a câmara de Lisboa ter justificado a construção do muro para prevenir incêndios já que está perto de um eucalipto, a deputada socialista sublinha que “a construção de um muro nunca é uma boa solução”.