Justiça sueca deixa cair investigação à suspeita de abusos sexuais de Assange
Ministério Público diz que as provas perderam força devido “ao longo período” decorrido entre a acusação, em 2010, e a reabertura do caso, após a saída do fundador da WikiLeaks da embaixada do Equador em Londres, em Abril passado.
O Ministério Público sueco desistiu da investigação a Julian Assange, fundador do site WikiLeaks, relacionada com as acusações de abusos sexuais a duas mulheres, em 2010, que o australiano de 48 anos nega.
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O Ministério Público sueco desistiu da investigação a Julian Assange, fundador do site WikiLeaks, relacionada com as acusações de abusos sexuais a duas mulheres, em 2010, que o australiano de 48 anos nega.
Segundo a procuradora Eva-Marie Persson o arquivamento da investigação deve-se, em grande medida, ao período alargado decorrido entre a acusação, de 2010, e a reabertura do caso, pouco depois de Assange ter sido detido pelas autoridades britânicas, em Abril passado, depois de sete anos a viver na embaixada do Equador no Reino Unido, em Londres, onde pediu asilo político.
“Depois de uma avaliação detalhada sobre o que surgiu durante a investigação preliminar, concluí que as provas não são suficientemente fortes para servirem de base a uma acusação” disse Persson, em conferência de imprensa, esta terça-feira.
“O motivo desta decisão está relacionado com o enfraquecimento das provas devido ao longo período de tempo decorrido desde os eventos em questão. Passaram-se nove anos e o tempo jogou um papel decisivo nesta decisão”, explicou a procuradora. “Gostaria, no entanto, de enfatizar que a parte lesada apresentou uma versão credível e fiável dos eventos”.
Assange era acusado de ter violado uma mulher e agredido sexualmente outra, durante um evento da WikiLeaks, em 2010, mas o australiano garante que o sexo foi consensual.
O hacker e activista cumpre, desde Abril, uma condenação de 50 semanas de prisão, por ter violado o regime de liberdade condicional, quando se refugiou na embaixada do Equador para evitar a extradição para a Suécia.
Apesar da desistência da Justiça sueca – que ainda poderá conhecer recurso, se for essa a decisão da defesa das vítimas –, paira sobre Assange um outro pedido de extradição, apresentado pelos Estados Unidos.
Julian Assange notabilizou-se com a revelação em grande escala de segredos de Estado dos EUA, tendo sido acusado de conspiração, com um soldado do exército norte-americano – Bradley Manning, hoje Chelsea Manning –, para aceder à rede de computadores do Pentágono e descarregar ilegalmente informação classificada, a maioria sobre as guerras do Afeganistão e Iraque.
É acusado ao abrigo da Lei da Espionagem norte-americana, de ter requerido informações a um denunciante e de ter tornado públicos ficheiros militares e comunicações do Departamento de Estado.
“Vamos agora focar-nos na ameaça de que o Sr. Assange tem vindo a alertar há vários anos: a perseguição beligerante dos EUA e os riscos que ela coloca à Primeira Emenda”, reagiu o editor do WikiLeaks, Kristinn Hrafnsson, citado pela Reuters.
A Justiça britânica deverá decidir sobre o pedido de extradição em Fevereiro de 2020.