Governo propõe reforço de missões de forças nacionais destacadas em África

Reunião do Conselho Superior da Defesa Nacional que se realiza no final desta semana vai definir o calendário e a participação das forças nacionais em 2020 nos diversos cenários internacionais. Na conferência de Dacar, Portugal vai defender maior cooperação entre a UE e África

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João Gomes Cravinho está a participar no 6.º Fórum Internacional de Dacar sobre a Paz e a Segurança em África. Andre Rodrigues

O ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, disse hoje à Lusa que o Governo vai propor o reforço das missões militares de segurança em África, nomeadamente no Mali. “A perspectiva do Governo é a de que podemos manter e até reforçar a nossa relação de segurança com o continente africano. O esforço que foi feito em 2018 e 2019 é para continuar assumindo a liderança da Missão de Formação da União Europeia no Mali”, disse João Gomes Cravinho.

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O ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, disse hoje à Lusa que o Governo vai propor o reforço das missões militares de segurança em África, nomeadamente no Mali. “A perspectiva do Governo é a de que podemos manter e até reforçar a nossa relação de segurança com o continente africano. O esforço que foi feito em 2018 e 2019 é para continuar assumindo a liderança da Missão de Formação da União Europeia no Mali”, disse João Gomes Cravinho.

O ministro da Defesa Nacional, que se encontra na capital do Senegal, para participar no 6.º Fórum Internacional de Dacar sobre a Paz e a Segurança em África, considera a missão de formação no Mali “muito importante, com muitos militares e que representa um compromisso muito forte da União Europeia para com a região”.

No final da semana vai realizar-se, em Lisboa, o Conselho Superior da Defesa Nacional presidido pelo Presidente da República e que tem a responsabilidade de aprovar as forças nacionais destacadas para 2020, referiu o governante.

A participação das forças nacionais em operações de cariz internacional enquadra-se no âmbito de organizações internacionais que Portugal integra, designadamente a Aliança Atlântica, a União Europeia, as Nações Unidas, assim como no quadro bilateral ou multilateral, com países aliados.

Mais cooperação entre UE e África

Na conferência de Dacar Portugal vai defender a necessidade de uma maior cooperação entre a União Europeia e África no sentido de eliminar a instabilidade e promover o bem-estar das populações. “A segurança e a paz no continente africano interessam-nos directamente porque há uma grande porosidade entre os dois continentes e a instabilidade em África facilmente se traduz em dificuldades e desafios para a segurança na Europa. Neste aspecto existe um interesse directo”, apontou José Gomes Cravinho.

“A mensagem que trago a esta conferência - e que foi transmitida ontem [domingo] à minha homóloga francesa - é a de que temos de dar um passo qualitativo entre Europa e África em matéria de paz e de segurança”, explicou frisando que há “muito trabalho a fazer” no bloco europeu.

“Nem todos os nossos parceiros da UE entendem a necessidade de estarmos profundamente ligados à paz e à segurança em África, e Portugal colocou para o início da presidência europeia, no início de 2021, o tema das relações com África como prioridade porque tem que ver com o nosso próprio bem-estar”, afirmou.

O ministro da Defesa Nacional considera os “problemas africanos” muito próximos da Europa referindo-se em concreto aos movimentos radicais islâmicos assim como ao tráfico de drogas e de pessoas. As respostas têm de ser multidimensionais porque as soluções não são “apenas” militares, defendendo como necessárias propostas em matéria de condições de vida “minimamente estáveis”, com criação de empregos, para que ocorra uma promoção das populações com novas “perspectivas económicas e sociais”.

Do ponto de vista militar, José Gomes Cravinho destacou as missões de Portugal na República Centro Africana, uma no âmbito da União Europeia e a outra enquadrada nas Nações Unidas, assim como as acções de promoção da paz na região do Sahel (entre o deserto do Saara e o Mar Vermelho), “uma região que enfrenta enormes desafios, com populações muito dispersas”.

“O Estado tem enormes dificuldades para chegar ao interior de países como o Burkina Faso, o Mali, o Chade ou o Níger, sendo que a fragilidade nestes países facilmente se traduz nos movimentos jihadistas, traficantes de drogas e de pessoas”, referiu.

Na conferência de Dacar estão representados 40 países que debatem especificamente “os desafios do multilateralismo. O programa dos trabalhos do 6.º Fórum Internacional de Dacar aborda igualmente matérias relacionadas com o impacto de grupos terroristas e de conflitos intercomunitários em processos de paz, o financiamento das políticas africanas de paz e de segurança, bem como um balanço sobre as parcerias estratégicas regionais.

Notícia actualizada às 11h05 com posição assumida por Portugal na conferência de Dacar.