Futebol feminino espanhol em greve devido a disputas salariais
Futebolistas lutam por um acordo que estabeleça salário mínimo. Jogos deste sábado foram cancelados, naquele que deverá ser um fim-de-semana sem partidas no principal escalão.
Foi em Outubro que decidiram partir para a greve e, neste sábado, os jogos do campeonato feminino espanhol tiveram de ser cancelados por falta de comparência. Quase 200 futebolistas de 16 clubes aderiram à paralisação, exigindo um acordo que estabeleça os valores de um ordenado mínimo. Este domingo, as seis partidas agendadas também deverão ser afectadas.
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Foi em Outubro que decidiram partir para a greve e, neste sábado, os jogos do campeonato feminino espanhol tiveram de ser cancelados por falta de comparência. Quase 200 futebolistas de 16 clubes aderiram à paralisação, exigindo um acordo que estabeleça os valores de um ordenado mínimo. Este domingo, as seis partidas agendadas também deverão ser afectadas.
A primeira partida a ser adiada por tempo indefinido opunha o Espanyol e o Tenerife. A equipa das ilhas Canárias pretendia fazer greve ao jogo de sábado, mas o voo planeado para sexta-feira acabou por não se realizar, devido a atrasos provocados por problemas técnicos. Em comunicado, o clube garantiu “respeitar a posição de apoio à greve das jogadoras”, fazendo votos de que o acordo seja estabelecido “para bem do futebol feminino e das gerações vindouras”. Também Levante e Sporting Huelva cancelaram a partida agendada para as 17h30 deste sábado.
A Associação de Futebolistas Espanhóis (AFE), que serve como sindicato para estes profissionais, promoveu um encontro em Madrid, no dia 22 de Outubro, com as futebolistas do principal escalão de futebol feminino. O resultado dessa reunião foi esmagadoramente favorável à realização de uma paralisação, com 93% das atletas a demonstrarem a intenção de promover uma greve. Citada pelo jornal britânico The Guardian, a capitã do Athletic Bilbao, disse que foram ultrapassados “todos os limites”, afirmando que esta forma de luta é a única opção que resta às jogadoras.
A AFE quer que o salário mínimo anual suba de 16 mil euros para 20 mil, sendo que o maior obstáculo tem sido a negociação de contratos a tempo parcial. Enquanto as jogadoras querem que esta remuneração se fixe nos 75% do contrato a tempo inteiro, cerca de 12 mil euros, os clubes apenas se mostraram dispostos a pagar metade, ou seja, oito mil euros anuais. “Elogiamos as futebolistas e estamos aqui para lhe dar o que elas merecem. Temos de respeitar as mulheres. Devem ter direitos proporcionais com as suas obrigações”, explica David Aganzo, presidente da AFE.
Esta disputa salarial não é apenas uma questão fracturante no futebol espanhol. Nos Estados Unidos — onde o futebol feminino gera mais receitas do que o masculino e a selecção feminina tem um palmarés invejável — as mulheres continuam a receber menos do que os profissionais do sexo masculino. No Campeonato do Mundo de futebol feminino, os cânticos pela igualdade salarial preencheram as bancadas, dirigidos ao presidente da FIFA, Gianni Infantino. As jogadoras norte-americanas chegaram mesmo a processar a United States Soccer Federation, queixando-se de “discriminação de género institucionalizada”.