Papa Francisco quer “pecado ecológico” no catecismo católico
Líder máximo da Igreja Católica acredita que todas as acções que prejudiquem o ambiente são também acções contra a “casa comum” da humanidade e devem ser “reconhecidos como tal”.
O Papa Francisco admitiu esta sexta-feira a possibilidade da Igreja Católica vir a incluir o “pecado ecológico” no catecismo católico, uma vez que todas as acções contra o ambiente são também acções contra a “casa comum” da humanidade, avança a agência de notícias EFE.
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O Papa Francisco admitiu esta sexta-feira a possibilidade da Igreja Católica vir a incluir o “pecado ecológico” no catecismo católico, uma vez que todas as acções contra o ambiente são também acções contra a “casa comum” da humanidade, avança a agência de notícias EFE.
Na opinião do chefe da Igreja Católica, estes pecados são “crimes contra a paz" que deveriam ser reconhecidos dessa forma pela comunidade internacional. "Gostaria de apelar a todos os líderes e representantes do sector para que contribuam com os seus esforços para garantir uma protecção legal adequada”, referiu o Papa Francisco.
A revelação foi feita durante o 20º Congresso Internacional da Associação de Direito Penal, realizada esta semana em Roma. "Um sentido elementar de justiça implicaria que certos comportamentos, pelos quais as empresas são geralmente responsáveis, não ficariam impunes. Em particular, todos aqueles que podem ser considerados como “ecocídio'”, referiu ainda o Papa Francisco.
Sobre o “ecocídio”, o Papa afirmou que podem ser classificadas desta forma as acções como “a poluição massiva do ar, dos recursos de terra e da água, a destruição em larga escala da fauna e flora, ou qualquer acção que possa provocar um desastre ecológico”.
Durante o sínodo que a Igreja Católica dedicou à Amazónia e que decorreu Outubro em Roma, já tinham existido referências às grandes companhias que “perseguem o lucro custe o que custar” e à conivência dos governos que “nem sempre cumprem o seu dever de preservar o meio ambiente e os direitos das suas populações”.
“A corrupção afecta as autoridades políticas, judiciais, legislativas, sociais, eclesiais e religiosas que recebem benefícios para permitir a actividade destas companhias”, concretiza a Igreja, considerando inadmissível que as populações locais continuem a ser vítimas “do narcotráfico, de mega-projectos de infra-estrutura, como as hidroeléctricas e as estradas internacionais, e de actividades ilegais vinculadas ao modelo de desenvolvimento extractivista”.
Agora, o pontífice relembrou que durante o encontro sobre a Amazónia já tinha proposto definir o pecado ecológico como uma acção contra Deus, a comunidade e o meio ambiente.