Escolas com amianto: ministro recusa divulgar quantas são
Em entrevista à agência Lusa, o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, confirmou que ainda há estabelecimentos de ensino com estruturas de fibras de amianto incorporado, mas não adiantou quantos. Em Janeiro, eram 192
O Ministério da Educação removeu “muitos milhares de metros quadrados de placas com amianto” das escolas nos últimos quatro anos, mas o ministro reconhece que ainda há trabalho a fazer.
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O Ministério da Educação removeu “muitos milhares de metros quadrados de placas com amianto” das escolas nos últimos quatro anos, mas o ministro reconhece que ainda há trabalho a fazer.
Em entrevista à agência Lusa, o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, confirmou que ainda há estabelecimentos de ensino com estruturas de fibras de amianto incorporado, mas não adiantou quantos.
Das 192 escolas com amianto identificadas, o Ministério da Educação garantia em Janeiro haver 42 em que as obras ainda não haviam começaram, apesar de a remoção dos materiais com amianto ser encarada como “uma prioridade”.
Durante o mês passado, uma dezena de estabelecimentos de ensino encerrou e foram feitos muitos protestos por professores, alunos e encarregados de educação para chamar a atenção para o problema da exposição a estas fibras que podem provocar doenças como cancro do pulmão ou gastrointestinal.
Os protestos foram o resultado de uma acção do Sindicato de Todos os Professores (STOP), que estima existirem mais de cem estabelecimentos de ensino em situação crítica.
Sindicatos e também associações de pais e ambientalistas, como a Zero ou o “Movimento Escolas Sem Amianto”, têm criticado o facto de não ser conhecida uma lista oficial com o número de estabelecimentos com amianto, nem um calendário de obras.
O ministro também não respondeu à Lusa sobre quantas escolas ainda têm amianto, referindo, no entanto, que há “muitas placas de fibrocimento com amianto que estão absolutamente protegidas” e que a sua remoção “aumenta exponencialmente a perigosidade”.
Para o coordenador do “Movimento Escolas Sem Amianto” (MESA), André Julião, não retirar agora o amianto é “empurrar o problema com a barriga”, uma vez que mais tarde as estruturas vão acabar por se danificar.
“O alarmismo social é a pior coisa que se pode fazer, porque estamos a falar de uma comunidade educativa. As nossas escolas são, em termos genéricos, lugares muito seguros”, garantiu o ministro.
Tiago Brandão Rodrigues afirmou que existe um plano de intervenção que veio estabelecer prioridades e, por isso, a remoção não é feita “à mesma velocidade e com a mesma prioridade em todos os sítios”.
“Nós fizemos a remoção de muitos milhares de metros quadrados de placas com amianto ao longo destes quatro anos. É um trabalho invisível, do qual não damos conta”, sublinhou, recordando o trabalho feito no seu anterior mandato, já com a pasta da educação.
Questionado se podia garantir que quem está diariamente nas escolas está em segurança, o ministro afirmou: “O que posso dizer é que os serviços do Ministério da Educação têm aferido a perigosidade da exposição a materiais que contenha amianto ao longo dos tempos e tem definido prioridades nas intervenções. É isso que temos feito, com responsabilidade”.
Os trabalhos de remoção realizados até agora foram “feitos em segurança”, sem o perigo de alunos, professores e funcionários poderem vir a inalar as fibras libertadas para o ar.
Tiago Brandão Rodrigues observou que o seu Ministério tem trabalhado com o Ministério do Ambiente e com as autarquias, que têm a seu cargo a gestão do pré-escolar e 1.º ciclo. “Tem sido dado nota de um conjunto de autarquias que têm estado a fazer esse trabalho e é importante continuar a fazê-lo”, comentou.
À Lusa, o coordenador do MESA lembrou que pais, alunos e trabalhadores das escolas ficariam mais descansados se conhecessem uma calendarização de obras nos diferentes estabelecimentos de ensino.
Questionado sobre a conclusão do plano de remoção, o ministro também não avançou à Lusa qualquer data, mas deixou a promessa de “trabalhar para que esta questão do amianto seja uma questão do passado”.