Estudantes universitários armam-se e assumem controlo dos protestos a duas semanas de eleições em Hong Kong

Políca diz que universidades se transformaram em centro de fabrico de armas. “Os candidatos da oposição esperam uma grande vitória. Cancelar as eleições só vai piorar a situação”, diz um analista.

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As escolas do ensino básico foram encerradas nesta quinta-feira em Hong Kong, devido à mais recente estratégia dos protestos que visam agora paralisar a cidade durante a semana. Esta táctica dura há quatro dias, coincidindo com o momento em que as universidades se tornaram o centro da revolta contra o governo local e central de Pequim.

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As escolas do ensino básico foram encerradas nesta quinta-feira em Hong Kong, devido à mais recente estratégia dos protestos que visam agora paralisar a cidade durante a semana. Esta táctica dura há quatro dias, coincidindo com o momento em que as universidades se tornaram o centro da revolta contra o governo local e central de Pequim.

A maior parte das universidades anunciou a redução da duração dos períodos de aulas, ou disse que ia optar por fazer as aulas online. E os reitores organizaram a retirada voluntária de estudantes e funcionários. Alguns governos de países com estudantes em Hong Kong começaram a retirar os seus alunos, como a Dinamarca, a Austrália e a própria China. O Consulado-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong pediu aos estudantes portugueses que enviem os seus dados para obterem apoio.

Segundo a polícia, citada pela Reuters, a Universidade Chinesa, no distrito Novos Territórios, tornou-se “uma fábrica de armas e tem um arsenal” de arcos e flechas. “Também há provas de que é uma base de fabrico de cocktails Molotov”, disse a polícia. 

“Não estou preparado para disparar flechas a não ser que não tenha outra hipótese”, disse um estudante, Cheung, de 18 anos. “Ainda estou a aprender a usar o arco. Penso que os arcos não os podem ferir e se a polícia disparar balas reais morremos”.

O grau de violência sobe de dia para dia sem que pareça possível qualquer tipo de entendimento com o governo local. “As coisas têm escalado de ambos os lados devido à acumulação de uma série de problemas. A hostilidade escala dos dois lados”, disse ao jornal The Guardian Ma Ngok, cientista político da Universidade Chinesa de Hong Kong, que na terça-feira à noite foi o centro dos protestos.

A revolta eclodiu em Junho contra o que os manifestantes e grupos pró-democracia dizem ser a tentativa de Pequim de limitar as liberdades concedidas ao território ao abrigo da política “um país, dois sistemas”. A China nega que queira interferir na independência do sistema judicial de Hong Kong e acusa o Ocidente, em particular o Reino Unido e os Estados Unidos, de fomentar a instabilidade.

Analistas ouvidos pelo Guardian dizem que a transformação das universidades em campos de batalha significa uma grande escalada nos protestos. Até agora, a polícia não entrou em recintos universitários.

“A universidade é a casa dos alunos”, disse ao jornal britânico Ho-Fung Hung, professor de Política na Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos. “Há a noção de liberdade académica e de a universidade ser um bastião de ideias livres, autónomas. E para as pessoas isto não pode ser quebrado pelas autoridades.”

Há quem considere que se está a dias de um momento crucial em Hong Kong. Para dia 24 de Novembro estão marcadas eleições para os conselhos dos vários distritos em que a cidade está dividida. Alguns candidatos têm sido alvo de ataques, com um pró-governo a ser esfaqueado e um pró-democracia a perder parte de uma orelha, pelo que há receios de que a votação possa ser cancelada.

Se assim for, pode haver nova escalada na violência. “A situação é muito volátil e é difícil fazer qualquer previsão. Estas duas semanas até à eleição vão ser determinantes, uma vez que os candidatos da oposição esperam uma grande vitória. Cancelar as eleições só piorará a situação”, disse Ho-Fung Hung.

Sem que exista uma solução à vista que pacifique Hong Kong, surgiu a notícia de que o governo local estava prestes a anunciar o recolher obrigatório no próximo fim-de-semana. Porém, o jornal que deu a notícia, o Global Times, um jornal chinês subsidiário do Diário do Povo, órgão oficial, apagou a publicação do seu site explicando que a informação carecia de confirmação.