“É preciso que a Europa tenha uma posição comum sobre migrações”, defende Marcelo

No segundo dia da visita de Estado a Itália, o Presidente da República agradeceu àquele país a “coragem, quase heroísmo, com que acolheu sozinho esse drama no momento inicial”.

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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ladeado pelo Presidente da República de Itália, Sergio Mattarella LUSA/JOSÉ COELHO

Foi em Itália, onde vários barcos com migrantes salvos no Mediterrâneo foram, este ano, impedidos de atracar pelo antigo ministro do Interior Matteo Salvini, que Marcelo Rebelo de Sousa quis deixar este apelo: “É preciso que a Europa tenha uma posição comum sobre migrações”. Um apelo feito ao lado do seu homólogo Sergio Mattarella e sublinhado com a garantia de que “Itália e Portugal estão de acordo no essencial”, e o essencial é a união da Europa, garantiu.

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Foi em Itália, onde vários barcos com migrantes salvos no Mediterrâneo foram, este ano, impedidos de atracar pelo antigo ministro do Interior Matteo Salvini, que Marcelo Rebelo de Sousa quis deixar este apelo: “É preciso que a Europa tenha uma posição comum sobre migrações”. Um apelo feito ao lado do seu homólogo Sergio Mattarella e sublinhado com a garantia de que “Itália e Portugal estão de acordo no essencial”, e o essencial é a união da Europa, garantiu.

“Queremos uma Europa forte num mundo imprevisível, em que alguns dos mais poderosos colocam os seus interesses egoístas à frente de uma visão global da humanidade. Num mundo em que o proteccionismo e o unilateralismo reapareceram, quando há tantos problemas que só podem ser resolvidos em conjunto”, afirmou o Presidente da República luso.

Para Marcelo Rebelo de Sousa, “só pode resolver-se aquilo que é essencial na humanidade com a liberdade económica, com o respeito das organizações internacionais e do direito internacional, com a procura da paz, com a contrução de pontes, com a prioridade da política sobre o egoísmo meramente economicista ou financista”.

Neste contexto, o Presidente português afirmou que Portugal e Itália não esquecem a importância da NATO e devem manter-se firmes nessa aliança, mesmo que haja aliados que às vezes se esquecem da Europa. “Itália e Portugal e nós, europeus, temos de estar firmes nas alianças a que pertencemos e ser tanto ou mais aliados do que os aliados que, de vez em quando, se esquecem da Europa”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio do Quirinal, em Roma.

Tendo ao seu lado o Presidente italiano, Sergio Mattarella, que o recebeu durante a sua visita de Estado a Itália, o chefe de Estado português acrescentou: “Não nos esquecemos da NATO e da relação transatlântica, que é tão importante para o equilíbrio do mundo”.

Também o Presidente italiano falou sobre a importância da NATO como “fonte de paz, de segurança e de bem-estar para a Europa e para os Estados Unidos da América” e manifestou-se contra uma política comercial que seja “contraditória com o espírito da aliança transatlântica”.

Sergio Mattarella disse que “cada obstáculo deve ser superado para manter o papel fundamental desta aliança”.

O “abraço ao povo angolano"

Na sua intervenção, Marcelo Rebelo de Sousa preconizou também que uma Europa forte tem de dialogar melhor com África. “Itália e Portugal conhecem bem África e em conjunto temos de trabalhar para sensibilizar os nossos parceiros europeus para o facto de a Europa não poder ignorar África, tem de haver uma parceira entre Europa e África. Como tem de haver uma atenção ao Mediterrâneo, ao próximo Oriente, ao Médio Oriente”. disse.

Após as declarações dos dois chefes de Estado, não houve direito a perguntas por parte dos jornalistas, mas Marcelo acabou por falar depois com os jornalistas portugueses a caminho do parlamento italiano, onde revelou que teve um encontro fora da agenda com o presidente angolano, João Lourenço. Marcelo Rebelo de Sousa contou que João Lourenço está em Roma de visita ao Vaticano e que ambos falaram sobre o “panorama no mundo, a situação económica e financeira e a posição dos dois países nesse panorama”. Por coincidência, Angola comemora os 44 anos da independência e Marcelo quis deixar um “abraço ao povo angolano”.

Da conversa com o presidente angolano, Marcelo quis ainda deixar uma mensagem política dizendo que o objectivo é “explicar aos parceiros na Europa o que tem África de tão importante”. “Não é por razões egoístas”, frisou. Por isso, esse será um dos temas da presidência portuguesa da União Europeia em 2021, lembrou. 

Marcelo Rebelo de Sousa chegou a Itália na segunda-feira, para uma visita de Estado que termina na quarta-feira, em Bolonha, em que está acompanhado pela secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Ana Paula Zacarias, e pelos deputados à Assembleia da República Jorge Lacão, do PS, Adão Silva, do PSD, e Bruno Dias, do PCP.