Violência em Hong Kong deixou o território “à beira do colapso total”
Manifestantes lançam objectos pesados para as linhas de metro e paralisam transportes públicos na megacidade. Mais de 260 pessoas foram detidas esta semana, num pico de violência que não dá sinais de abrandar.
As forças antimotim de Hong Kong voltaram a lançar gás lacrimogéneo contra os manifestantes pró-democracia esta terça-feira, para tentarem controlar os protestos no centro financeiro que deixaram a megacidade “à beira do colapso total”, segundo a polícia local.
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As forças antimotim de Hong Kong voltaram a lançar gás lacrimogéneo contra os manifestantes pró-democracia esta terça-feira, para tentarem controlar os protestos no centro financeiro que deixaram a megacidade “à beira do colapso total”, segundo a polícia local.
Os novos confrontos tiveram lugar um dia depois de um agente da polícia ter disparado à queima-roupa contra um manifestante e de um homem, presumivelmente apoiante do Governo chinês, a ser regado com gasolina e queimado.
Mais de mil manifestantes, muitos vestidos de fato e gravata e com máscaras a tapar a face, protestaram pelo segundo dia consecutivo durante a pausa para almoço, bloqueando estradas em ruas dominadas pelos mais altos arranha-céus de Hong Kong.
Depois de os trabalhadores terem regressado aos seus escritórios, a polícia lançou gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes que permaneceram no local. Foram detidas dezenas de pessoas que estavam presas à parede de uma das lojas de luxo da Tiffany & Co.
A polícia disse que os “manifestantes violentos” cometeram actos “insanos” e atiraram lixo, bicicletas e outros objectos para as linhas do metropolitano e para os cabos de alta tensão, o que paralisou o transporte público na antiga colónia britânica. Nas imagens da televisão viam-se activistas a lançar objectos pesados de pontes pedonais para o meio da estrada – num dos casos, quase acertaram num motociclista.
“A nossa sociedade foi posta à beira do colapso total”, disse o superintendente Kong Wing-cheung em conferência de imprensa, citado pela agência Reuters, referindo-se à violência desta semana em particular.
Os manifestantes começaram a protestar em Junho contra o que dizem ser a tentativa de Pequim de limitar as liberdades concedidas ao território ao abrigo da política “um país, dois sistemas”. Os protestos foram ficando cada vez mais violentos à medida que a intervenção da polícia foi endurecendo.
A China nega que queira interferir na independência do sistema judicial de Hong Kong e acusa o Ocidente, em particular o Reino Unido e os Estados Unidos, de fomentar os protestos.
Para além dos protestos no centro financeiro, houve também confrontos na Universidade da Cidade de Hong Kong, na área de Kowloon Tong, e na Universidade Chinesa, na região dos Novos Territórios.
Em Kowloon, estudantes barricaram-se na universidade, equipados com capacetes e máscaras antigás, e armazenaram tijolos, gasolina e bombas de pregos em cima de pontes. Num dos momentos de maior tensão, o grupo de estudantes ateou fogos e partiu montras num centro comercial local.
A chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, acusou os manifestantes de serem egoístas e disse esperar que as direcções das universidades apelem aos seus alunos para que não participem nos protestos.
Mais de 260 pessoas foram detidas só na segunda-feira, fixando o número de detenções em mais três mil desde o início dos protestos, em Junho.
A China tem 12 mil soldados em Hong Kong desde a transição do território, em 1997, e promete esmagar qualquer tentativa de luta pela independência. Até agora, Pequim tem apoiado, ao longe, a resposta do Executivo local.