Metro do Porto e El Corte Inglés negoceiam “adequação do projecto” da linha rosa

Câmara do Porto ainda não emitiu o PIP pedido enviado pelo grupo espanhol. Mas tem estado em conversações com o El Corte Inglés para garantir que nova estação da Casa da Música pode ficar naquele terreno

Foto
Paulo Pimenta

O presidente da Câmara do Porto disse que a Metro do Porto tem vindo “a negociar” com o El Corte Inglés a “adequação do projecto” da nova estação da linha rosa no terreno da antiga estação ferroviária da Boavista. “Logicamente que devemos ter, relativamente a esta matéria, toda a prudência, tanto mais que a Metro do Porto, que vai lá construir uma estação, tem vindo a negociar com o El Corte Inglés a adequação do projecto, principalmente as estruturas necessárias ao metro para a instalação da estação”, avançou Rui Moreira, na segunda-feira à noite, durante a sessão extraordinária da Assembleia Municipal do Porto.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O presidente da Câmara do Porto disse que a Metro do Porto tem vindo “a negociar” com o El Corte Inglés a “adequação do projecto” da nova estação da linha rosa no terreno da antiga estação ferroviária da Boavista. “Logicamente que devemos ter, relativamente a esta matéria, toda a prudência, tanto mais que a Metro do Porto, que vai lá construir uma estação, tem vindo a negociar com o El Corte Inglés a adequação do projecto, principalmente as estruturas necessárias ao metro para a instalação da estação”, avançou Rui Moreira, na segunda-feira à noite, durante a sessão extraordinária da Assembleia Municipal do Porto.

Em causa está a construção da Linha Circular (linha rosa) que ligará a Avenida dos Aliados à Casa da Música, uma obra que, segundo o aviso publicado a 20 de Agosto no Diário da República, terá como prazo de execução 42 meses e um valor base de 175 milhões de euros.

A afirmação do autarca surgiu depois do deputado Rui Sá, da CDU, ter questionado se a autarquia considerava “útil e vantajoso” para a cidade a existência de uma superfície comercial na Boavista. Rui Moreira lembrou que, ainda candidato pela primeira vez, há sete anos, já havia defendido a criação de um jardim naquele local. “Claro que gostaria de ter ali um parque (...) também não sei se lá pretendem construir uma coisa do tipo El Corte Inglés ou outra coisa, neste momento não lhe posso dizer”, sublinhou o autarca.

Já durante a reunião do executivo desta segunda-feira, o independente Rui Moreira tinha garantido, a propósito da entrega da petição pública que defende a criação de um jardim naquele local, “não ser viável” dizer que os direitos adquiridos no âmbito do Plano DireCtor Municipal (PDM) de 2006 “são para rasgar”.

O argumento utilizado pelo autarca na reunião do executivo foi contestada pelo deputado do Bloco de Esquerda Pedro Lourenço: “A ideia de que a Câmara não pode recusar este projecto é uma absoluta ficção. A câmara tem de fazer o que lhe compete que é recusar o projecto”, defendeu. A acusação levou o independente Rui Moreia a salientar “não existir nenhum PIP (Pedido Informação Prévia) aprovado pela Câmara Municipal do Porto” sobre o projecto.

A 28 de Outubro, o grupo espanhol confirmou à Lusa que o PIP do projecto do El Corte Inglés projectado para o terreno da antiga estação ferroviária da Boavista já tinha dado entrada na Câmara do Porto, não adiantando, contudo, qual a área total do projecto. “Será, posteriormente, e em função das possibilidades que daí resultarem, que exploraremos as várias opções de formato para aquela localização, sendo certo que o nosso objectivo é a valorização do local”, afirmou o El Corte Inglês em resposta a um pedido de esclarecimento. Os prazos para arranque e conclusão da empreitada são, para já, desconhecidos. 

Na mesma reunião do executivo, o vereador Pedro Baganha confirmou que o PIP apresentado pela cadeia espanhola está a tramitar nos serviços, não sendo conhecido para já o projecto de arquitectura a desenvolver, que terá, contudo, de respeitar a cércea definida para o local e garantiu estar de mãos atadas. Se a câmara decidisse recusar o projecto, argumentou, teria sempre de arcar com uma conta avultada.