Montenegro quer ser líder para ganhar autárquicas e baixar impostos

Candidato à liderança do PSD criticou Rui Rio por querer um “partido pequeno” onde é preciso ser “servil do chefe”.

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Luís Montenegro apresentou a sua candidatura a líder do PSD, este domingo, em Lisboa Rui Gaudêncio

No ecrã gigante com fundo laranja lia-se PS em letras garrafais. Alguns militantes tentaram avisar a organização da apresentação de candidatura de Luís Montenegro para o suposto erro. Mas, afinal, estava certo. O “D” é a letra que o candidato se propõe “devolver” ao PSD. Foi acrescentada na imagem com a sua fotografia recortada, o que gerou sorrisos entre os apoiantes. Arrancou assim a intervenção do ex-líder parlamentar com recados para Rui Rio, metas para o PSD e propostas de baixas de impostos. Na sala, em Lisboa, este domingo, estavam o ex-líder do PSD Rui Machete, a militante número dois Conceição Monteiro, autarcas e líderes de distritais como o de Santarém e Pedro Pinto, que cessou funções este fim-de-semana como presidente da distrital de Lisboa.

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No ecrã gigante com fundo laranja lia-se PS em letras garrafais. Alguns militantes tentaram avisar a organização da apresentação de candidatura de Luís Montenegro para o suposto erro. Mas, afinal, estava certo. O “D” é a letra que o candidato se propõe “devolver” ao PSD. Foi acrescentada na imagem com a sua fotografia recortada, o que gerou sorrisos entre os apoiantes. Arrancou assim a intervenção do ex-líder parlamentar com recados para Rui Rio, metas para o PSD e propostas de baixas de impostos. Na sala, em Lisboa, este domingo, estavam o ex-líder do PSD Rui Machete, a militante número dois Conceição Monteiro, autarcas e líderes de distritais como o de Santarém e Pedro Pinto, que cessou funções este fim-de-semana como presidente da distrital de Lisboa.

Assumindo-se como candidato à liderança do PSD e a primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro definiu um prazo para sua disponibilidade: “Liderar a oposição nos próximos quatro anos e liderar o Governo nos oito anos que se vão seguir”. Como o país tem “PS a mais no Estado” e “PSD a menos”, Montenegro quer por isso “devolver o D” que falta e que é sinónimo de “democracia, da diferença, da dignidade, desenvolvimento, dinamismo e de disrupção”. Esta mensagem encerra uma outra e que vai directa para o actual líder: “O país não precisa de um PSD subalterno ao PS”. Foi a primeira crítica de outras dirigidas a Rio. Não só por causa da leitura dos resultados das eleições – “não chega apregoar derrotas morais para esconder vitórias abissais” – mas também por considerar que querem fazer do “PSD um partido pequeno” onde é preciso ser “servil do chefe”.

Assumindo-se como um candidato que quer ser “agregador”, Montenegro evoca até o ex-Presidente da República para dizer que na sua liderança “nunca vai ser preciso que um líder como Cavaco Silva mostrar preocupação com o afastamento de pessoas de qualidade”. O ex-líder parlamentar diz que nos últimos anos, o PSD tem sido dividido entre “os puros e os impuros”, entre os que “faziam culto ao líder e eram premiados e os que pensavam pela sua cabeça e eram descartados”. Ficou vincada a crítica a Rio sobre a forma de liderar o partido mas os dois candidatos partilham o mesmo objectivo para o PSD nos próximos dois anos: “Ganhar as eleições autárquicas”. O ex-líder parlamentar – que anunciou que ele próprio será o coordenador autárquico - ambiciona conquistar “a maioria das câmaras a começar pela câmara de Lisboa”.

Numa sala de um edifício em Lisboa onde funcionam start-ups, Luís Montenegro prometeu, se for eleito líder do PSD, apresentar uma proposta de redução dos impostos do trabalho, uma redução gradual do IRS e do IRC e uma “fusão da taxa intermédia e máxima do IVA para que não ultrapasse os 20%”.

Acusando o primeiro-ministro de fazer reflectir no país a sua imagem – “o país do poucochinho”, Montenegro defendeu que o PSD “reformista”, defensor da “iniciativa privada” mas não “neoliberal”. E anunciou algumas das suas prioridades como o “combate aos “privilégios injustificados”, a “fraude fiscal e a corrupção”, a aposta na “qualificação” e a atenção que deve ser dada à “transição digital”. Mais uma vez, o ex-líder parlamentar de Passos Coelho reiterou a sua estratégia: “Não haverá negociação de acordos com o PS” nem “aprovação de orçamento”.

A sala, que estava decorada com painéis exibindo imagens de congressos desde a fundação do partido, esteve em silêncio durante os 40 minutos de intervenção, irrompendo em palmas que eram fortes, sobretudo, quando o alvo era Rui Rio ou a necessidade de um PSD com “vida própria”. Antes da sessão começar (com 45 minutos de atraso) muitas das conversas dos apoiantes andavam à volta das dificuldades em pagar quotas. Só os militantes com os valores em dia poderão votar no próximo 11 de Janeiro.