Aniversário da morte de Arafat adensa conflito entre Hamas e Fatah

As duas grandes facções palestinianas estavam em negociações para a realização das primeiras eleições em 14 anos. Proibição de manifestações em Gaza inquinam o processo.

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Manifestação em memória de Arafat no sábado em Ramallah, na Cisjordânia MOHAMMED SABER/EPA

As cerimónias para assinalar a morte de Yasser Arafat adensaram o conflito entre as duas grandes facções palestinianas, a Fatah e o Hamas, num momento em que decorriam negociações para a realização das primeiras eleições em 14 anos na Autoridade Palestiniana.

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As cerimónias para assinalar a morte de Yasser Arafat adensaram o conflito entre as duas grandes facções palestinianas, a Fatah e o Hamas, num momento em que decorriam negociações para a realização das primeiras eleições em 14 anos na Autoridade Palestiniana.

No sábado, a Fatah (a facção de Arafat e do presidente da Autoridade Palestiniana, que governa a Cisjordânia) assinalou os 15 anos da morte do líder histórico com uma marcha em Ramallah, a cidade onde morreu no dia 11 de Novembro de 2004. Líderes e apoiantes, com bandeiras amarelas e retratos de Arafat, percorreram as ruas da cidade, até à casa onde o líder morava e morreu.

As manifestações organizadas para Gaza (uma na quinta-feira passada e outra esta segunda-feira), porém, foram proibidas pelo Hamas, que governa a Faixa. 

A proibição surgiu num momento em que as duas partes se estavam a entender para a realização de eleições legislativas e para a presidência da Autoridade Palestiniana, uma iniciativa de Abbas a que os dois partidos aderiram.

Segundo Mahmoud al-Aloul, vice-presidente da Fatah, a proibição foi uma surpresa, mas o partido mantém o optimismo sobre as negociações para a realização de eleições - as primeiras em 14 anos e que, há poucos meses, pareciam que não iriam acontecer, pelo menos durante o tempo de vida de Abbas, segundo o Jerusalem Post.

“Mas o Hamas tomou esta decisão insensata e inesperada de proibir a celebração de Arafat”, disse Aloul.

Outro alto representante da Fatah, Fayez Abu Aytah, disse, citado pelo jornal israelita, que o Hamas foi avisado sobre as manifestações e que a decisão de as proibir contradiz a sua posição anterior de apoiar a realização de eleições.

“Por um lado, apoiam a decisão do Presidente Abbas de realizar eleições. Por outro, impedem o nosso povo de participar nas iniciativas para assinalar os 15 anos da morte de Arafat”, disse Aytah.

Na quinta-feira, uma delegação do Hamas esteve no Cairo para conversações com os serviços secretos egípcios sobre as eleições palestinianas. Esta visita seguiu-se a uma série de consultas na Faixa de Gaza com a Comissão Eleitoral Palestiniana, que está a mediar o contacto entre Abbas e o Hamas.

Mahmoud al-Aloul defendeu que a proibição das manifestações organizadas pelo Fatah em Gaza mostram que a receptividade do Hamas às eleições são apenas “slogans”. O movimento, disse, está a enviar “mensagens frustrantes e irracionais”.

Arafat, que foi presidente da Autoridade Palestiniana e da Organização de Libertação da Palestina, morreu a 11 de Novembro de 2004. Tinha 75 anos e a sua morte fez eclodir várias teorias, uma delas sobre um eventual envenenamento.