Agricultor da Guarda faz “vinho” com amoras e framboesas
Pedro Pinheiro, professor e agricultor da Guarda, garante que o “vinho” de framboesa é “mais perfumado, com um sabor mais intenso”.
O professor e agricultor Pedro Pinheiro, de 44 anos, residente na aldeia de Avelãs de Ambom, na Guarda, produz “vinho” com a utilização de amoras e de framboesas, que está a ter boa aceitação pelos consumidores.
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O professor e agricultor Pedro Pinheiro, de 44 anos, residente na aldeia de Avelãs de Ambom, na Guarda, produz “vinho” com a utilização de amoras e de framboesas, que está a ter boa aceitação pelos consumidores.
Segundo Pedro Pinheiro, a “aventura” começou em 2017, após verificar que algumas das amoras que produz em estufas, que tinha deixado esquecidas num balde, acabaram por fermentar. Nessa altura, o agricultor e professor de Educação Musical, que produz amoras, framboesas e mirtilos de forma biológica, decidiu pedir ajuda a um enólogo para acompanhar o processo e produziu os primeiros 120 litros de “vinho” de amora, a que deu o nome de “Amoreira” (com 14,5% de volume de álcool).
No ano seguinte, fez a experiência com framboesas e produziu 50 litros de “vinho” denominado “Dois” (com 12,5% de volume de álcool), uma designação justificada por existirem na região duas aldeias com o nome de Avelãs (de Ambom e da Ribeira) e por levar dois constituintes: fermentado de framboesa e mosto de uva.
O agricultor ficou satisfeito com as experiências e este ano produziu 100 litros de fermentado de amora e igual quantidade de fermentado de framboesa. Segundo o produtor, os “vinhos” invulgares têm sido vendidos em feiras da região e têm tido boa aceitação pelos consumidores.
Neste momento, apenas possui duas garrafas (de 750 mililitros) do fermentado de amoras (que vende por oito euros a unidade) e cerca de 40 garrafas (de 500 mililitros) da bebida feita à base de framboesas (que comercializa a seis euros a unidade). A produção deste ano está em estágio e o fermentado será engarrafado “no final do verão de 2020”.
Com o “vinho” de framboesa, Pedro Pinheiro pretende atingir o mercado mais direccionado para o público feminino, “porque é um ‘vinho’ mais perfumado, com um sabor mais intenso”. As senhoras consideram-no “interessante”, porque “é mais suave” do que os vinhos tradicionais, disse.
O produtor referiu à Lusa que ainda é preciso “estudar bem” os pratos que o néctar de framboesa acompanhará melhor, admitindo que resultará bem como acompanhante de pratos de peixe, como aperitivo ou bebida de final de refeição. “Estamos a trabalhar numa ideia de ter produtos diferenciadores daqui da nossa zona, mas que sejam bebidas que possam responder a potenciais clientes diferentes”, esclareceu.
Pedro Pinheiro contou que na Feira Farta deste ano, realizada em Setembro, na Guarda, um senhor “que já vende vinhos há mais de vinte anos” lhe disse que o “vinho” de framboesa, nos países nórdicos, “vendia-se aos montes e com preços muito interessantes, só que é preciso mudar o chip para a questão de ser um ‘vinho’ fermentado através de framboesas e não de uvas”.
E nesta altura do São Martinho, quando se consomem castanhas tradicionalmente acompanhadas por jeropiga, o responsável acredita que a bebida feita à base de framboesas poderá ser boa para degustar com aquele fruto, pois “tem um toque adocicado”. Já o néctar feito à base de amoras é, na sua opinião, “muito bom” para acompanhar qualquer refeição.
Pedro Pinheiro criou, em 2015, em Avelãs de Ambom, uma aldeia do concelho da Guarda com cerca de 60 habitantes, a empresa Ambombagas, destinada à instalação e exploração de frutos vermelhos e de casca rija em modo de produção biológica, para equilibrar as finanças familiares.