Samsung é a que mais beneficiou com a guerra da Huawei com os EUA
Apesar da Samsung liderar a nível internacional, a Huawei é a marca que mais cresceu entre Julho e Outubro de 2019.
A Samsung está a beneficiar da guerra comercial entre a Huawei e os EUA, mas foi a marca chinesa aquela que mais cresceu entre Julho e Outubro de 2019 face ao mesmo período de 2018. A conclusão é da analista IDC que publicou os mais recentes dados sobre o mercado global dos telemóveis esta sexta-feira.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A Samsung está a beneficiar da guerra comercial entre a Huawei e os EUA, mas foi a marca chinesa aquela que mais cresceu entre Julho e Outubro de 2019 face ao mesmo período de 2018. A conclusão é da analista IDC que publicou os mais recentes dados sobre o mercado global dos telemóveis esta sexta-feira.
“É evidente que a Huawei continua a conquistar terreno na China, que continua a ser o maior mercado do mundo”, explicou em comunicado Ryan Reith, vice-presidente do programa de análise de telemóveis da IDC.
Entre Julho e Outubro de 2019, Huawei enviou 66,6 mil milhões de telemóveis para retalho. Foram mais 14,6 milhões de unidades do que entre Julho e Outubro de 2018, representando um aumento de 28,2%. Em contrapartida, a Samsung, que ocupa o primeiro lugar do pódio e enviou 78,2 milhões de unidades de telemóveis para retalho, apenas verificou um aumento de 8,2%. A norte-americana Apple segue atrás com 46,6 milhões de smartphones vendidos (0,6% a menos do que no mesmo período em 2018).
O pódio repete-se em Portugal – Samsung, Huawei e Apple a liderar com 647 mil unidades de telemóveis enviadas para retalho no total – embora tenham sido vendidos menos 2,4% de telemóveis da marca chinesa no terceiro trimestre de 2019 em relação ao mesmo período de 2018.
A IDC nota que grande parte das vendas da Huawei ocorreram no mercado asiático. “A Huawei mudou o foco para o mercado doméstico”, lê-se no mais recente relatório da IDC que nota um “forte sentimento de nacionalismo” e “boas relações com actores locais” tem sido fundamental para o crescimento na China.
Desde Maio que a Huawei está no meio de uma disputa comercial entre os EUA e China com a administração de Donald Trump a incluir a empresa chinesa numa “lista negra” de entidades às quais as empresas americanas não podem fornecer serviços ou produtos. Com isto, os novos telemóveis topo de gama da Huawei, o Mate 30 e o Mate 30 Pro, não vêm com aplicações do Google pré-instaladas. Embora aplicações populares como o Facebook e o Instagram possam ser instalados na Huawei App Galery, outras como o Google ficam inacessíveis o que torna os novos modelos menos apelativos para consumidores nos mercados ocidentais e representa o primeiro grande impacto das sanções dos EUA na empresa chinesa.
“A nível internacional a Samsung é a que mais beneficiou dos problemas da Huawei, impulsionando a sua série [de modelos] A, que é mais acessível”, notou a analista da IDC Melissa Chau, em comunicado.
Ainda assim, Francisco Jerónimo, analista da IDC, diz que a queda da Huawei em Portugal foi menor do que o previsto. “Durante o Verão houve um esforço grande por parte dos retalhistas e operadores em escoar as unidades em stock”, explica Jerónimo, embora preveja que a situação se torne “mais dramática” nos próximos meses.
O relatório da IDC nota ainda que mesmo com o mercado de telemóveis a ficar saturado – com modelos quase idênticos, preços cada vez mais elevados e pouca variedade –, venderam-se mais telemóveis no terceiro trimestre de 2019 do que mesmo período do que o ano passado. Apesar de o aumento ser ligeiro (o equivalente a mais 2,7 milhões de telemóveis vendidos) Ryan Reith diz que o valor é um exemplo da “resiliência do mercado.”
Este ano, a Samsung e a Huawei tentaram inovar o modelo com a apresentação de telemóveis com ecrãs que se dobram. Apesar de alguns atrasos, o modelo da sul-coreana Samsung, o Fold, foi o primeiro a chegar ao mercado por 1980 dólares (cerca de 1796 euros).