Feminismos Sobre Rodas: mulheres circulam (e lutam) pelo país fora
De 8 de Novembro a 8 de Dezembro, o projecto Feminismos Sobre Rodas corre o Norte e o Centro do país. Leva filmes, debates, intervenções de rua, oficinas para crianças e actuações para lutar contra as desigualdades sociais e defender os direitos das mulheres.
“Mais ou menos rudes conforme o seu nível de vida, todas são irmãs na luta.” É sob este lema, criado por Maria Lamas – histórica feminista, escritora, jornalista e política portuguesa – que surgiu o Feminismos sobre Rodas. Rodas porque incitam movimento, feminismos no plural porque o movimento abrange mulheres com diferentes experiências que “não aceitam que a diferença seja entendida como inferioridade”.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
“Mais ou menos rudes conforme o seu nível de vida, todas são irmãs na luta.” É sob este lema, criado por Maria Lamas – histórica feminista, escritora, jornalista e política portuguesa – que surgiu o Feminismos sobre Rodas. Rodas porque incitam movimento, feminismos no plural porque o movimento abrange mulheres com diferentes experiências que “não aceitam que a diferença seja entendida como inferioridade”.
É um percurso itinerante que passa por várias cidades e aldeias das zonas Norte e Centro do país, com início a 8 de Novembro e término a 8 de Dezembro. Iniciativa que tem associada a “questão simbólica de terminar ao dia 8, precisamente três meses antes do Dia Internacional da Mulher, comemorado a 8 de Março”, diz ao P3 a ideóloga do projecto, Patrícia Martins.
A activista de 31 anos inspirou-se na viagem por Portugal que Maria Lamas fez em 1948 para retratar mulheres, um marco no movimento feminista português — o percurso deu origem ao livro As Mulheres do Meu País —, e pela Caravana Feminista de 2015, quando várias activistas andaram de carrinha por diversos países europeus com o objectivo de lutar contra as desigualdades sociais. Patrícia começou sozinha, mas depois de contactar outras activistas, “todo o desenvolvimento foi um processo colectivo”.
Este é um projecto que leva para as ruas filmes (com a iniciativa CineRodas), debates (Rodas de tricot em que se vai “brincar com o típico pensamento de que as mulheres só se juntam para tricotar e bisbilhotar”), intervenções de rua (sob o lema “Já o ditado dizia…”, a escritora portuense Regina Guimarães ajudou a colocar um toque feminista em ditados populares – “em terra de galos, soltam a franga"), oficinas para jovens, actuações, mas, sobretudo, o que se pretende é que exista uma partilha de experiências e histórias de vida.
As actividades têm como palco locais como Amarante, Lousada, Barcelos, Amarante, Ovar, Viana do Castelo, Miranda do Douro, Mogadouro, Vimioso e as aldeias de Uva, Atenor e Vale de Algoso. Cada sítio acolhe o projecto durante dois ou três dias. Por enquanto só é conhecido o plano para 8, 9 e 10 de Novembro, altura em que o Feminismos Sobre Rodas passa por Lousada, Barcelos e Amarante. A programação para os restantes locais será anunciada no Facebook conforme se aproximam as datas.
Para a concretização desta iniciativa, “quem deu o grosso financiamento, que serviu para despesas logísticas, foi a [Fundação] Rosa Luxemburgo, sediada na Alemanha, e o movimento She Decides”. Este é um projecto-piloto e Patrícia diz que “espera que para o ano aumente o número de cidades abrangidas”. Foram ainda estabelecidas várias parcerias, por exemplo com o Agrupamento de Escolas de Lousada e Miranda do Douro, o Cineclube de Amarante e a associação do Carnaval de Ovar.
A viagem culmina no Encontro Feminista Internacional, que se realiza de 13 e 15 de Dezembro no Porto, onde vão estar reunidas para debate activistas como Nadia de Mond (do movimento Non Una di Meno, de Itália), Deyanira Benedetto (do grupo espanhol La Mujer en Escena) e Marguerite Stern (do colectivo Collage Feminicide, de Paris).