Caixa aumenta lucro para 640,9 milhões e admite novo dividendo
O banco liderado por Paulo Macedo continua a somar resultados positivos, tendo fechado os primeiros nove meses do ano com um resultado líquido de 640,9 milhões de euros (+272 milhões de euros face ao mesmo período de 2018). Vendas em Espanha e África do Sul explicam melhoria.
A CGD fechou os nove primeiros meses do ano com lucros de 640,9 milhões de euros, uma subida de 74% face ao final do terceiro trimestre de 2018, e uma evolução positiva a reflectir os impactos das vendas dos bancos do grupo na África do Sul e em Espanha.
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A CGD fechou os nove primeiros meses do ano com lucros de 640,9 milhões de euros, uma subida de 74% face ao final do terceiro trimestre de 2018, e uma evolução positiva a reflectir os impactos das vendas dos bancos do grupo na África do Sul e em Espanha.
Excluindo o efeito não corrente, o lucro consolidado do banco público foi de 481,4 milhões de euros (mais 30% do que o registado no mesmo período do ano anterior), o que equivale a um retorno dos capitais (ROE) de 8,2%, um indicador da capacidade de o banco gerar resultados que é um dos barómetros chave negociados com as autoridades europeias, no âmbito da recapitalização de quase cinco mil milhões de euros.
A alienação da operação sul-africana Mercantile, fechada já esta semana, “originou a reversão de 159 milhões de euros da imparidade resultante do preço de venda”, o que acabou por influenciar de forma positiva os resultados deste período.
Paulo Macedo fez a análise da CGD desde que iniciou o plano de reestruturação, destacando que hoje o grupo tem um balanço com “menos risco, pois está mais focado em Portugal, com menos NPL [créditos problemáticos] e com uma maior cobertura, com menos crédito colaterizado por activos na bolsa e mais crédito dado com base em garantias reais (menos exposto ao risco das variações do sector imobiliário)”.
A CGD apresenta ainda contas trimestrais com “menos crédito à promoção imobiliária e menos dívida titulada e mais depósitos”, apesar desta rubrica gerar menos lucro para a instituição pública.
Dividendos de 250 milhões
O presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD), Paulo Macedo considerou “plausível que o banco entregue (em 2019) ao accionista Estado dividendos na ordem dos 250 milhões de euros”. Uma decisão que se integra na política de dividendos aprovada, mas que está condicionada a que o banco cumpra os 10 requisitos negociados com as autoridades europeias. E a que se soma agora a exigência de não oposição do BCE. Paulo Macedo observou que o grupo está a cumprir as condições.
“No ano passado tinha que haver uma autorização prévia do BCE [Banco Central Europeu], e agora uma não oposição do BCE”, algo que para o líder do banco público reflecte a melhoria no cumprimento do plano de reestruturação acordado com as instituições europeias, nomeadamente a Direcção-Geral de Concorrência (DGComp) da Comissão Europeia.
“Quando a Caixa paga dividendos, e bem, para devolver dinheiro aos contribuintes, é preciso que também haja aprovação do Conselho de Administração e que estes valores não ponham em causa os próprios valores que estamos obrigados a cumprir”, nomeadamente em requisitos mínimos de capital, afirmou o presidente executivo da CGD, na conferência de imprensa, em Lisboa.
“Como alguém disse, pode-se fazer as contas e ver no que é que dá”, disse Paulo Macedo, referindo-se à política de dividendos do banco público, acrescentando posteriormente que “é plausível” que o retorno ao accionista Estado supere os 250 milhões de euros em 2019.
Em 31 de Maio, a assembleia-geral da CGD aprovou a entrega de 200 milhões de euros em dividendos ao Estado relativos ao exercício de 2018, sendo a primeira vez que o banco pagou dividendos desde 2010.
Sobre o tema que os líderes da banca têm escolhido para as conferências de imprensa de resultados trimestrais, o antigo ministro da Saúde deu a sua versão: “Não temos intenção de cobrar juros negativo às empresas públicas, aos particulares e as empresas”, clarificando, todavia, que a CGD suporta, ou seja, paga juros negativos nas operações que desenvolve.
Já no que respeita a operações relacionadas com instituições financeiras, a CGD admite poder vir a cobrar juros negativos.
Menos trabalhadores
A Caixa Geral de Depósitos (CGD) reduziu 254 trabalhadores desde o início do ano, segundo as contas dos primeiros nove meses do ano hoje divulgadas. Segundo as contas até Setembro, o grupo CGD tinha na actividade em Portugal 7421 funcionários, o que compara com os 7675 que tinha em final de 2018.
A CGD tem estado num processo de redução de trabalhadores desde que foi recapitalizada e negociou o plano de reestruturação com a Comissão Europeia.
Em Maio, o presidente executivo da CGD, Paulo Macedo, disse que em termos líquidos (saídas-contratações) a expectativa para este ano é que saiam cerca de 570 pessoas (entre pré-reformas, rescisões por mútuo acordo e não renovação de contratos a termo).
Quanto a agências, a CGD tinha 510 em Setembro em Portugal, menos 12 do que em Dezembro passado. com Lusa