Segurança à noite e redução do abandono escolar fizeram aumentar bem-estar dos portugueses
Em 2018, o índice de bem-estar dos portugueses voltou a subir, segundo o Instituto Nacional de Estatística, muito à custa, por exemplo, da maior proporção de pessoas que declaram sentir-se seguras quando passeiam sozinhas depois de escurecer.
As pessoas sentem-se mais seguras quando passeiam sozinhas depois de escurecer, confiam mais na polícia e sentem-se satisfeitas com a redução do abandono escolar precoce e a crescente frequência do Ensino Superior. Eis os factores que mais contribuíram, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), para que o índice de bem-estar dos portugueses tenha voltado a aumentar em 2018.
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As pessoas sentem-se mais seguras quando passeiam sozinhas depois de escurecer, confiam mais na polícia e sentem-se satisfeitas com a redução do abandono escolar precoce e a crescente frequência do Ensino Superior. Eis os factores que mais contribuíram, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), para que o índice de bem-estar dos portugueses tenha voltado a aumentar em 2018.
Numa escala de zero a um, esse índice fixou-se no ano passado nos 0,471, contra os 0,224 registados em 2004. Durante este período de 14 anos de análise, a evolução foi sendo positiva, descontados os anos da crise económica e social, nomeadamente entre 2010 e 2013. Esta medição da evolução do bem-estar da população conjuga dois índices sintéticos: as condições materiais de vida e a qualidade de vida. Nestes dois indicadores cabem estatísticas relativas a campos tão diversos quanto o emprego ou a falta dele, a mortalidade, os salários e o abandono escolar, entre outros.
Nos domínios como emprego e vulnerabilidade económica, as evoluções positivas registadas depois de 2013 eram expectáveis e têm explicação óbvia: o desemprego diminuiu desde então (fixou-se nos 6,1%, o que representa o valor mais baixo em 16 anos) e o salário mínimo nacional tem vindo a ser aumentado (está actualmente nos 600 euros brutos, e à beira de ser revisto, contra os 485 euros brutos de 2013).
No campo da qualidade de vida, o domínio da segurança pessoal foi o que mais contribuiu para a melhoria registada nos 14 anos em análise. Até 2006, houve subidas maioritariamente relacionadas com a evolução dos indicadores de mortalidade em acidentes com veículos a motor e com um aumento da confiança na polícia. Seguiu-se um período de estabilização, e, sobretudo a partir de 2010, volta a haver melhorias, nomeadamente com o aumento da proporção de pessoas que dizem sentir-se seguras quando passeiam sozinhas depois de escurecer.
Na educação, além do referido recuo do abandono escolar precoce e do aumento dos alunos do número de alunos que frequentam a universidade, as pessoas dizem-se satisfeitas com, por exemplo, o aumento das publicações científicas.
No ambiente, curiosamente, o indicador que mais pesou na melhoria foi o aumento da população servida por estações de tratamento de águas residuais, a existência de mais praias com Bandeira Azul.
Mais satisfeitos, mas abaixo dos europeus
A divulgação deste índice de bem-estar dos portugueses coincidiu com a divulgação, pelo Eurostat, de dados que mostram que os portugueses eram, também em 2018, dos europeus menos satisfeitos com a sua vida (6,7 pontos em 10, abaixo da média europeia de 7,3. O Eurostat diz que a satisfação média dos cidadãos variava entre os 8,1 pontos na Finlândia e os 5,4 na Bulgária, com Portugal a apresentar, com os seus 6,7, a quarta pior pontuação da escala. No entanto, face a 2013, o grau de satisfação dos portugueses subiu 0,5 pontos, acima da média da União Europeia (UE) para o mesmo período (0,3).
A satisfação face à situação financeira foi, em 2018, de 5,4 em Portugal, o terceiro valor mais baixo da tabela, apesar da subida de 0,9 pontos face a 2013. A apreciação da vida privada e relações pessoais fixou-se nos 8,2 em 10, em Portugal, a quarta maior subida (0,3 pontos) face a 2013. Na UE, a média de cidadãos satisfeitos com a sua vida privada passou de 7,8 em 2013 para 7,9 em 2018.