Ex-funcionários do Twitter acusados de espionagem a favor da Arábia Saudita
São acusados de aceder a informação pessoal de utilizadores da rede social críticos do regime, incluindo jornalistas. Trata-se do primeiro caso conhecido publicamente de actividades de espionagem saudita nos EUA.
Dois ex-funcionários do Twitter foram acusados de espionagem nos EUA ao serviço da Arábia Saudita. De acordo com um tribunal de São Francisco, são suspeitos de terem obtido informações pessoais de críticos do regime saudita.
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Dois ex-funcionários do Twitter foram acusados de espionagem nos EUA ao serviço da Arábia Saudita. De acordo com um tribunal de São Francisco, são suspeitos de terem obtido informações pessoais de críticos do regime saudita.
Dois ex-funcionários da empresa que gere a rede social de microblogging foram identificados como Ahmad Abouammo, cidadão norte-americano, e Ali Alzabarah, saudita. Um terceiro homem, Ahmed Almutairi, também foi acusado.
Abouammo foi detido na terça-feira, mas os outros dois suspeitos fugiram para a Arábia Saudita e são objecto de mandados de captura internacional, segundo a BBC.
De acordo com a acusação, Almutairi funcionava como intermediário entre os dois funcionários do Twitter e as autoridades sauditas, que estavam interessadas em obter informações sobre críticos do regime. Alzabarah acedeu às contas de milhares de utilizadores da rede social considerados hostis ao Governo de Riade, incluindo do jornalista Omar Abdulaziz, seguido por mais de um milhão de pessoas e amigo pessoal de Jamal Khashoggi, que foi assassinado pelo regime no ano passado, diz o Guardian.
A troco das informações prestadas, os dois trabalhadores do Twitter receberam dezenas de milhares de dólares enviados para contas no estrangeiro e também relógios de luxo.
Alzabarah chegou a ser confrontado pela empresa por causa da sua conduta e admitiu ter acedido a informações pessoais de utilizadores, embora tenha justificado na altura tê-lo feito por curiosidade. As funções que ambos os funcionários exerciam no Twitter não incluíam o acesso a dados dos utilizadores da rede.
A empresa suspendeu o engenheiro em 2015, que acabaria por fugir com a família para a Arábia Saudita.
O Twitter reagiu à sentença reconhecendo os “riscos incríveis” enfrentados por muitos utilizadores que usam a rede social para “partilhar as suas perspectivas com o mundo e responsabilizar os titulares do poder”. “Temos ferramentas preparadas para proteger a sua privacidade e capacidade para que façam o seu trabalho crucial”, garantiu a empresa.
Trata-se do primeiro caso conhecido publicamente de actividades de espionagem saudita nos EUA. Washington tem na Arábia Saudita um aliado que considera fundamental na luta contra o terrorismo islamista e na manutenção de equilíbrio geopolítico no Médio Oriente.
Apesar da condenação internacional face aos abusos e violações de direitos humanos cometidos pela monarquia saudita, o Presidente Donald Trump tem fortalecido os laços entre os dois países.